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Extorsão cresce 298% no Grande ABC em 5 anos

Número de casos saltou de 58, entre janeiro e maio de 2018, para 231 no mesmo período deste ano

Joyce Cunha
Do Diário do Grande ABC
13/08/2022 | 00:01
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Os moradores do Grande ABC estão na mira dos crimes de extorsão. As delegacias de polícia da região registraram aumento de 298,2% no número das ocorrências, que saltaram de 58, entre janeiro e maio de 2018, para 231 no mesmo período deste ano. Os dados foram obtidos pelo Diário junto à SSP (Secretaria de Segurança Pública do Estado), por meio da Lei de Acesso à Informação. 

Os indicadores criminais cresceram anualmente nas sete cidades. Nos cinco primeiros meses de 2019, ano que antecedeu o início da pandemia, foram 71 casos de extorsão reportados à Polícia Civil. De janeiro a maio de 2020, foram 95 ocorrências. No mesmo período de 2021, 135 moradores foram vítima deste tipo de crime.

Para o professor de criminologia e direito penal da PUC-SP, Edson Luis Baldan, a evolução tecnológica contribuiu para o aumento das ocorrências. “Esse tipo de crime sempre foi praticado. O que temos hoje é a utilização da tecnologia alimentando a criatividade dos criminosos, que vão pensando novas formas de transgressão”, explicou o especialista, que atuou por 25 anos como delegado de polícia.

Um caso é considerado extorsão quando há emprego de grave ameaça para que a vítima faça ou deixe de fazer algo que gere lucro para o agente da ação. Em 2018, a maior parte dos crimes aconteceu em residências ou em vias públicas, 40 dos 58 registros. Neste ano, dos 231 casos reportados entre janeiro e maio, 94 foram cometidos via Internet, por aplicativos de mensagem, entre eles WhatsApp, e no Instagram. 

O número de ocorrências pode ser ainda maior. Entre as novas modalidades do crime on-line está a chamada sextorsão, quando há chantagem, mediante pagamento, para que fotos ou vídeos de nudez, trocados a partir de relacionamentos iniciados em aplicativos, por exemplo, não sejam expostos. Baldan explica que, em parte das ocorrências, os golpistas simulam relacionamento de menores de 18 anos com a vítima, uma pessoa adulta. Nestes casos, há ameaça da suposta família da criança ou adolescente de denúncia de pedofilia à polícia. “O crime está ficando cada vez mais sofisticado”, observou Baldan. 

Este tipo de situação, que causa constrangimento à vitima, geralmente não é denunciado à polícia. “Essa é a cifra oculta da criminalidade. A pessoa, por motivos óbvios, acaba não procurando a autoridade policial”, disse o criminologista. 

Baldan orienta que, mesmo em caso de sextorsão, a vítima não faça o pagamento e registre a ocorrência, para que a polícia tenha condições de investigar e aperfeiçoar as estratégias de combate ao crime.

A conscientização da população, através de campanhas relacionadas à proteção de dados e condutas seguras em ambientes virtuais, pode contribuir para a prevenção dos casos. 




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