Número de casos saltou de 58, entre janeiro e maio de 2018, para 231 no mesmo período deste ano
Os moradores do Grande ABC estão na mira dos crimes de extorsão. As delegacias de polícia da região registraram aumento de 298,2% no número das ocorrências, que saltaram de 58, entre janeiro e maio de 2018, para 231 no mesmo período deste ano. Os dados foram obtidos pelo Diário junto à SSP (Secretaria de Segurança Pública do Estado), por meio da Lei de Acesso à Informação.
Os indicadores criminais cresceram anualmente nas sete cidades. Nos cinco primeiros meses de 2019, ano que antecedeu o início da pandemia, foram 71 casos de extorsão reportados à Polícia Civil. De janeiro a maio de 2020, foram 95 ocorrências. No mesmo período de 2021, 135 moradores foram vítima deste tipo de crime.
Para o professor de criminologia e direito penal da PUC-SP, Edson Luis Baldan, a evolução tecnológica contribuiu para o aumento das ocorrências. “Esse tipo de crime sempre foi praticado. O que temos hoje é a utilização da tecnologia alimentando a criatividade dos criminosos, que vão pensando novas formas de transgressão”, explicou o especialista, que atuou por 25 anos como delegado de polícia.
Um caso é considerado extorsão quando há emprego de grave ameaça para que a vítima faça ou deixe de fazer algo que gere lucro para o agente da ação. Em 2018, a maior parte dos crimes aconteceu em residências ou em vias públicas, 40 dos 58 registros. Neste ano, dos 231 casos reportados entre janeiro e maio, 94 foram cometidos via Internet, por aplicativos de mensagem, entre eles WhatsApp, e no Instagram.
O número de ocorrências pode ser ainda maior. Entre as novas modalidades do crime on-line está a chamada sextorsão, quando há chantagem, mediante pagamento, para que fotos ou vídeos de nudez, trocados a partir de relacionamentos iniciados em aplicativos, por exemplo, não sejam expostos. Baldan explica que, em parte das ocorrências, os golpistas simulam relacionamento de menores de 18 anos com a vítima, uma pessoa adulta. Nestes casos, há ameaça da suposta família da criança ou adolescente de denúncia de pedofilia à polícia. “O crime está ficando cada vez mais sofisticado”, observou Baldan.
Este tipo de situação, que causa constrangimento à vitima, geralmente não é denunciado à polícia. “Essa é a cifra oculta da criminalidade. A pessoa, por motivos óbvios, acaba não procurando a autoridade policial”, disse o criminologista.
Baldan orienta que, mesmo em caso de sextorsão, a vítima não faça o pagamento e registre a ocorrência, para que a polícia tenha condições de investigar e aperfeiçoar as estratégias de combate ao crime.
A conscientização da população, através de campanhas relacionadas à proteção de dados e condutas seguras em ambientes virtuais, pode contribuir para a prevenção dos casos.
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