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Prematuros ganham nova chance de vida com doação de leite materno

Bancos da região beneficiam 68 crianças e contam com a colaboração de 144 doadoras; campanha Agosto Dourado incentiva o aleitamento

Thainá Lana
Do Diário do Grande ABC
06/08/2022 | 09:47
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André Henrique


A amamentação traz diversos benefícios para saúde da mãe e do bebê. O leite materno pode ajudar a reduzir riscos de infecções respiratórias nas crianças, fortalecimento do sistema imunológico, além de diminuir a mortalidade infantil por causas evitáveis. Já para as mulheres, o aleitamento pode evitar o risco de desenvolvimento de câncer de útero e de mama. Para incentivar a prática, este mês é conhecido como Agosto Dourado, onde são intensificadas ações de conscientização – a cor dourada está relacionada ao padrão ouro de qualidade do leite humano.

No Brasil, a amamentação exclusiva alcança 45,8% dos bebês com até seis meses, segundo o Ministério da Saúde. A outra parcela das crianças, que não recebem o leite direto das mães, dependem do leite humano doado em bancos dos hospitais. Geralmente, a doação de leite é destinada para bebês prematuros internados a baixo do peso (menos de 2,5 kg), com patologias, ou que não podem ser alimentados diretamente pelas próprias mães.

Atualmente, 68 crianças nessas condições dependem do leite doado nos únicos três equipamentos existentes na região – Hospital Estadual Mário Covas e Hospital da Mulher, em Santo André, e HMU (Hospital Municipal Universitário), em São Bernardo.

As pequenas Lídia (de apenas 11 dias) e Maya (53 dias) recebem diariamente o leite materno doado no Hospital da Mulher. Prematuras, as bebês estão internadas no berçário da unidade e com a ajuda do alimento estão no processo de ganho de peso para poderem receber alta e finalmente conhecerem suas casas.

Ao lado da incubadora da Lídia, está o seu irmão gêmeo, Levi, que recebe o leite materno direto da mãe, a arquiteta Pamela Cristina Souza Prado, 29 anos. “Já consigo amamentar e estimular o Levi a mamar no peito, porém como a Lídia é muito pequena ela ainda não consegue. Agora ela está com 1,5 kg e seu quadro de saúde é estável, tenho certeza que logo eles receberão alta e iremos juntos para casa”, desabafa a mãe dos gêmeos.

A moradora do Jardim Santo André, Joice Magate Frazão, 34, acompanha diariamente a luta da sua filha para viver e agradece por cada gota de leite humano recebida. A bebê Maya ficou internada 50 dias na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) após contrair uma bactéria nos primeiros dias de vida.

No caso de Maya, o banco de leite serve de complemento do leito materno da sua mãe, pois a bebê mama 240 mililitros por dia, e a mãe consegue retirar apenas 30 mililitros.

Para que histórias de superação como essas possam ser contadas, é necessário a ajuda de outras milhares de mulheres. Para se ter a dimensão, um litro de leite humano doado pode beneficiar até dez recém-nascidos.

Os equipamentos do Grande ABC contam com a colaboração de 144 doadoras mensais, e a professora de São Bernardo, Jamile da Silva Nascimento, 35, é uma delas. Desde julho de 2020, que a mãe do Thomas Luna do Nascimento, 2, faz doação para o banco de leite humano do HMU.

“Thomas foi amamentado exclusivamente até 6 meses e segue mamando até hoje. Tive uma produção de leite superior ao que ele precisava e com 15 dias tive mastite, foi quando uma amiga me passou o contato do banco de leite. Semanalmente a equipe do HMU passa na minha casa traz os vidros esterilizados e leva com o leite congelado. Aproveito o espaço para destacar a importância das equipes que coletam os leites nas residências, sem eles esse elo das mães com os hospitais não existiria”, finaliza Jamile.


ESTOQUE DA REGIÃO

O nível de armazenamento dos três bancos de leite humano da região é suficiente para atender a demanda deste mês, conforme esclareceram os órgãos responsáveis pelas unidades. No Hospital da Mulher, o estoque do banco está em 88%, sendo que o nível de armazenamento do equipamento é de 120 litros.

São Bernardo informou que atualmente o banco de leite do HMU alimenta 28 crianças. A unidade conta com 140 litros em seu estoque, quantidade suficiente para atender a demanda do mês de agosto. A capacidade máxima de armazenamento do banco é de 500 litros.

No Hospital Estadual Mario Covas estão internados 16 bebês, sendo que quatro estão sendo assistidos. O banco de leite da unidade possui capacidade máxima de 112 litros e, atualmente, conta com 81 litros armazenados (72%).

"A manutenção do estoque ideal garante um atendimento adequado até que o bebê faça a transição do leite ofertado pelo banco até a amamentação exclusiva”, ressalta Christiane Dozzo, coordenadora do banco de leite do Mario Covas.

Segundo a RBLH (Rede Global de Bancos de Leite Humano), todo o leite doado é analisado, pasteurizado e submetido a um controle de qualidade antes de ser ofertado a uma criança, conforme rege a legislação que regulamenta o funcionamento dos bancos de leite humano no Brasil, a RDC Nº 171.

Para ser uma doadora basta entrar em contato com o banco de leite da unidade mais próxima da residência. Os endereços estão disponíveis no site: www.rblh.fiocruz.br




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