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Casamentos homoafetivos crescem 45% em um ano na região

Alta pode estar relacionada com crise social ocasionada pela pandemia da Covid-19, diz ativista

Thainá Lana
Do Diário do Grande ABC
10/07/2022 | 00:01
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Célio Silva/Divulgação


“Nosso casamento foi incrível, aconteceu exatamente como sonhamos”. É assim que o são-bernardense Liniker Henrique Barros da Rocha, 22 anos, descreve o dia em que disse sim ao seu companheiro e, agora esposo, Daniel Barros da Rocha, 25. A união foi celebrada em abril deste ano no Riacho Grande, em São Bernardo e oficializou o amor entre os dois. Assim como eles, outros 125 casais também realizaram casamentos homoafetivos nas cidades do Grande ABC no primeiro semestre de 2022 – o número de matrimônios firmados neste ano aumentou 45% em relação ao mesmo período de 2021.

Santo André (43), São Bernardo (41) e Diadema (20) são os municípios com maiores casamentos registrados no ano, segundo levantamento realizado pela Arpen- SP (Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo) a pedido do Diário. As uniões homoafetivas de 2022 superam os 100 matrimônios realizados em 2019, período pré-pandemia. 

O coordenador de políticas de cidadania e diversidades da Prefeitura de Diadema, Robson de Carvalho, acredita que a instabilidade social provocada pela pandemia da Covid-19 pode ter contribuído para o aumento de casamentos. “Nos últimos dois anos houve maior preocupação da população LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Travestis, Queer, Intersexo e Assexuais) em assegurar juridicamente seus relacionamentos e poder celebrar essa união com amigos e familiares. O matrimônio homoafetivo reconhece alguns direitos, como a garantia de poder acompanhar o seu cônjuge em internações, receber ligações e atualizações sobre o estado de saúde do seu parceiro, ser incluído em planos de saúde, adotar uma criança, entre outros direitos que eram negados aos casais homoafetivos há 11 anos, por exemplo”, destaca Robson.

O casal de São Bernardo não consegue esconder o orgulho do casamento celebrado neste ano. “As pessoas quando crianças sonham com brinquedos, mas eu sempre sonhei em casar com alguém que eu amasse com todas as minhas forças. No dia do meu casamento senti que o Daniel era a pessoa certa para construir a minha vida, foi tudo tão lindo e mágico”, conta Liniker. 

Eles se conheceram no trabalho, há dois anos, onde atuam na área de telemarketing. Daniel conta que se apaixonou por Liniker no primeiro dia em que o viu, mas que precisou de tempo para confiar no parceiro e poder viver o amor que sentia por ele. “Ele diz que foi amor a primeira vista, porém eu demorei um pouco para me apaixonar. Com a convivência passei a conhecer melhor ele e aprendi a amar seu jeito puro e generoso”, conta o apaixonado Liniker.

Para que outros casais homoafetivos pudessem realizar o sonho de oficializar suas uniões, foi necessária muita luta da comunidade LGBTQIA+, conforme relembra Robson. Desde 2011 que o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu a favor da união estável de casais homoafetivos.

Em 2013, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) publicou uma resolução que ampliou a decisão para todo o País e exigiu que os cartórios realizassem os casamentos. “Muitas pessoas sofreram, morreram e lutaram sem ter esse direito garantido. O casamento é o momento de destaque na vida de qualquer pessoa e nós só queremos e desejamos o direito de amar e ser amado”, finaliza o coordenador de Diadema.




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