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Torre de 174m cai e mata trabalhador
Luciana Yamashita
Especial para o Diário
Luciano Cavenagui
23/08/2006 | 22:16
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Uma torre de transmissão da rádio Bandeirantes com 174 metros de altura, localizada na altura do Km 42 da rodovia Imigrantes, em São Bernardo, desabou, nesta quarta-feira de manhã. A estrutura era mantida dentro do Parque Estadual Serra do Mar, perto do Rancho da Pamonha, na subida da serra. Um funcionário que trabalhava na manutenção da torre morreu e outros cinco ficaram feridos sem gravidade. A polícia abriu inquérito para apurar as causas do acidente.

A torre, montada há nove anos, ruiu às 8h23 quando sete funcionários da empresa Diontel realizavam manutenção. O montador Francisco Airton Silva de Sousa, 44 anos, morreu esmagado entre as ferragens. A torre pertence à empresa Vip Rádio e Televisão, afiliada da rádio Bandeirantes, e retransmitia o sinal da Band FM, 90,9, para o Grande ABC e litoral. Até ontem à noite, a rádio estava fora do ar para essas localidades.

De acordo com o que funcionários da Vip e Diontel declararam à polícia, os funcionários foram ontem ao local realizar trabalho de manutenção conforme projeto de reforço da torre realizado pelo engenheiro Paulo Roberto Marta, da empresa Projeto Sul Torres.

Na manutenção feita nesta quarta, o engenheiro não estava presente. O acidente ocorreu quando os empregados estavam na base da torre, quando colocavam um reforço para um parafuso considerado importante para toda a estrutura. Esse mesmo parafuso havia sido substituído momentos antes da queda. Existe a suspeita de que o parafuso tenha se rompido. Entretanto, essa hipótese não foi confirmada.

O caso foi registrado como homicídio culposo (sem intenção) no 4º DP de São Bernardo. O inquérito será conduzido pela Delegacia de Acidentes de Trabalho, sediada na capital. “O trabalho de manutenção era complexo e o engenheiro responsável deveria estar presente para orientação. Esse erro pode caracterizar negligência e o profissional poderá ser responsabilizado pela morte do funcionário. No entanto, isso só será definido pelo inquérito”, afirmou o delegado Gilberto Peranovich, do 4º DP. O laudo do IC (Instituto de Criminalística), que vai determinar a causa do acidente, deve ser concluído em 30 dias.

Ficaram feridos Paulo Wilson da Silva, 35 anos, Mailton Batista, 36, o dono da Diontel, Dionézio Augusto de Souza, 44, Francisco Xavier de Sousa, 32, e Valdir Soares Lima, 29. Silva e Lima afirmaram que ouviram um barulho de algum material se rompendo antes da queda.

“Ouvi um barulho de ferro e vi a torre caindo. Saí correndo rápido para não ser esmagado. Só machuquei de leve a mão”, disse Lima. “Estava do lado do meu colega que morreu. Não deu tempo para ajudar. Ou eu corria ou morria junto com ele”, afirmou Silva.

“Primeiro a torre girou, achei que estava ‘tonta‘. Ficamos desesperadas porque não sabíamos para que lado ela cairia. Foi uma gritaria e saímos correndo”, conta Sebastiana Viana, 51 anos, que trabalha no Rancho da Pamonha.

O sócio da empresa Vip, Paulo Borges, 41 anos, afirma que a manutenção da torre era feita periodicamente. “Em nove anos em que a torre existe, em todo esse tempo foi feita a manutenção. Teve ano em que foi feita mais de uma vez”.

Segundo o sócio-administrador da empresa, João Elias Sobral, 60 anos, a última manutenção foi feita há cerca de seis meses. “Foi uma fatalidade e ninguém esperava por isso. Nós vamos assumir a responsabilidade e não vamos abandonar ninguém”, disse.

A queda causou danos à vegetação. “Embora a empresa Vip tenha o contrato de uso do terreno, a vegetação foi removida e os donos serão responsabilizados por isso”, afirmou a diretora do Núcleo Itutinga-Pilões do Parque Estadual Serra do Mar, Adriane Moreira Tempest. O relatório sobre os danos será feito e encaminhado para a Delegacia de Crimes Ambientais.

A reportagem solicitou ao Crea (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura) informações sobre as responsabilidades do engenheiro Paulo Roberto Marta no caso e um contato com o profissional, mas não obteve retorno do órgão.




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