São surpreendentemente positivos os números da Secretaria de Estado da Segurança Pública que dizem respeito à variação dos homicídios dolosos, ou seja, os praticados com intenção, no Grande ABC. Levantamento oficial, reproduzido em reportagem na edição de hoje do Diário, mostra que houve uma redução de 90% nos registros deste tipo de crime nas sete cidades em duas décadas. Enquanto foram 944 casos em 2001, quando se iniciou a série histórica, a marca caiu para 96 no ano passado. Especialista no assunto explica que investimentos maciços em tecnologia sustentam, entre outras razões, a melhora dos dados. Especialmente a utilização de câmeras de vídeo nas mais diversas circunstâncias.

Jorge Lordello, uma das principais autoridades do segmento, é assertivo ao dizer que "o avanço tecnológico impactou de maneira significativa" a prática de homicídio doloso. À medida em que sociedade civil e órgãos policiais aumentaram a vigilância por meio de câmeras de vídeo ­ o que inclui as dos telefones celulares ­, os episódios diminuíram. É que, neste cenário, aumentam as chances de a ação e o autor serem flagrados pelas lentes, ampliando, por sua vez, a possibilidade de esclarecimentos dos fatos. A queda no número de asasinatos só não deve ser comemorada porque seria de extrema insensibilidade qualquer celebração enquanto indicadores de morte não forem iguais a zero.

É por isso que a este Diário parece contraproducente, para não dizer irresponsável, que a hipótese de se retirar as câmeras de vídeo que, instaladas nas fardas dos soldados, à altura do peito, gravam as ações dos policiais durante as ações, seja promessa de campanha de alguns dos principais précandidatos ao governo do Estado na eleição de outubro. A redução de indicadores de homicídios dolosos no Grande ABC mostra que São Paulo está no caminho certo em busca da preservação de vidas humanas. Qualquer aceno contra a intensificação do uso de tecnologia no combate à violência, portanto, significará amplo retrocesso e merece ser rechaçado pela sociedade. E ponto final.