Em 2021 foram 96 casos de homicídio doloso no Grande ABC contra 944 de 2001; especialista atribui redução a aumento de policiamento e novas tecnologias
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O número de homicídios dolosos (quando há intenção de matar) em 2021 foi o menor registrado nos últimos 20 anos na região. No ano passado, as sete cidades do Grande ABC contabilizaram 96 ocorrências, enquanto que em 2001 foram 944 casos. A redução chega a 90% e é a maior desde o início da série histórica da SSP (Secretaria da Segurança Pública do Estado). Especialista atribui esta drástica queda observada nos últimos anos a conjunto de fatores que envolve as esferas pública e civil, além do avanço tecnológico.
Como comparação, em 2001 morriam, por mês, 78 pessoas vítimas de assassinato, enquanto no ano passado a média mensal não ultrapassou oito casos. A diminuição nestes últimos 20 anos ocorreu de maneira gradativa, ou seja, os casos foram regredindo anualmente. Em 2019, no período pré-pandemia, as ocorrências chegaram a 155 no ano e, em 2020, esse tipo de crime tirou a vida de 152 pessoas – veja os números completos na arte acima.
Durante essas duas décadas, Diadema foi a cidade que apresentou maior redução. O município passou de 237 assassinatos consumados em 2001 para 12 no ano passado – queda de 95%. Mauá aparece na sequência, com queda de 92%, passando de 184 há 20 anos para 15 casos de assassinatos em 2021. São Caetano é o município com menor número deste tipo de crime na região desde o início da série história – antes ocorriam 20 casos por temporada e, no ano passado, duas pessoas foram vítimas de homicídio doloso.
A expressiva queda nos números pode ser explicada por série de fatores sociais que impactaram na segurança pública ao longo de duas décadas, não apenas na região como em todo País, conforme explica Jorge Lordello, especialista em segurança pública, ex-delegado da Capital e apresentador do programa Operação de Risco, da Rede TV. Ele esclarece que a diminuição dos casos se deve, principalmente, à alta repercussão midiática e popular que este tipo de crime provoca. Devido a essas razões, os casos ficam conhecidos nacionalmente e possuem mais chances de serem solucionados com maior agilidade.
Um exemplo é o caso de Renan Silva Loureiro, que foi assassinado no início da semana passada, na Capital. Durante tentativa de assalto, o jovem foi baleado quatro vezes e um dos tiros atingiu sua cabeça. Ele estava com a namorada quando o casal foi abordado pelo criminoso. Câmeras de segurança gravaram o momento em que o assaltante atira para o alto e Renan se ajoelha dizendo: “Eu não tenho nada”. Quando o assaltante aponta a arma para sua namorada, Renan reage e então é baleado. Diante da repercussão do vídeo, compartilhado inclusive pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), o suspeito de matar o universitário se entregou na sexta-feira à Polícia Civil. De acordo com o órgão, ele já tem dez passagens criminais por roubo e receptação.
Lordello também aponta o incremento da tecnologia como ferramenta de fiscalização e que ajudou para a queda no número de assassinatos. “É preciso destacar que o avanço tecnológico impactou de maneira significativa na prática de homicídio doloso. Tanto os órgãos policiais quanto a sociedade civil aumentaram a vigilância por meio de câmeras de segurança e por aparelhos celulares. O comportamento das facções criminosas também contribuiu para a diminuição, porque os grupos implantaram regras e doutrinas nos locais em que o crime organizado domina, inclusive com a diminuição das disputas territoriais entre os bandidos, que ocorria exageradamente há 20 anos”, declarou Lordello, que ainda atribui o aumento significativo dos contingentes das GCM (Guardas Civis Municipais) nas cidades e a criação de grupos especiais dentro da Polícia Militar como cruciais para diminuição no número de homicídios.
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