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Histórico de traições
Do Diário do Grande ABC
17/04/2022 | 08:09
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William Dib, Aécio Neves, Geraldo Alckmin e João Doria. Além de serem – ou já terem sido – filiados ao PSDB, todos têm em comum ao menos um episódio de traição protagonizado pelo mesmo personagem da vida política: o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando.


A mais recente rasteira foi dada em Doria. O ex-governador ouviu inúmeras juras de fidelidade de Orlando, que, inclusive, foi integrante de primeira linha de sua tropa de choque na pré-campanha à Presidência. “É com João Doria, rumo ao melhor para o nosso País”, afirmou. O vacilo na véspera da renúncia ao Palácio dos Bandeirantes e os resultados pífios nas pesquisas de opinião fizeram com que o então aliado mudasse de rumo. “Não irei participar da campanha presidencial dele”.


Doria, neste momento, talvez se arrependa amargamente das 12 visitas que fez ao município, enquanto chefe do Executivo estadual, bem mais do que em outras cidades da região.


Alckmin, que hoje não quer nem ouvir falar em Orlando, também sentiu os efeitos da aleivosia praticada pelo prefeito. Os 4,76% de votos obtidos na campanha presidencial de 2018 fizeram com que ele pedisse a saída do ex-governador da presidência do PSDB. Situação bem diferente da vislumbrada antes, quando Orlando trocava cotoveladas com políticos para dividir as fotos com Alckmin.


Em 2014, Orlando entoava elogios a Aécio, e cuidada da campanha como se sua fosse. Com a derrota para Dilma nas urnas tudo mudou. A ponto de, em 2019, trabalhar fervorosamente pela expulsão do mineiro do ninho tucano.


Essa sequência de deslealdades começou bem antes, em 2007, quando Orlando agiu pelas costas de seu criador político, William Dib. Desmontou o acordo feito para que Mauricio Soares fosse o candidato a prefeito e ele, o vice. Assumiu a cabeça da chapa e foi derrotado por Luiz Marinho nas urnas, em 2008.


A experiência na vida pública talvez ainda não tenha sido suficiente para ensinar a Orlando que uma das poucas coisas que os políticos não toleram é a infidelidade. Como escreveu o espanhol Miguel de Cervantes, em Dom Quixote de la Mancha, ‘Ainda que a traição agrade, o traidor é sempre odiado’. 




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