Estabelecimentos vão ter faturamento afetado pelo fechamento da unidade da empresa, que adotará atendimento remoto
Os comerciantes que trabalham próximos da Atento, em São Bernardo, podem fechar as portas de seus estabelecimentos assim que a empresa encerrar as atividades presenciais nesta unidade. A companhia, localizada na Avenida Wallace Simonsen, confirmou que o espaço não funcionará mais a partir de junho deste ano. Sem a movimentação dos funcionários, os lojistas estimam perda de até 90% dos clientes.
Quando uma grande empresa anuncia o fechamento de uma de suas plantas, consequentemente os contratados diretos, terceirizados e prestadores de serviços no geral sentem os danos desse processo. "Tem restaurantes, padarias e academias que sobrevivem graças aos trabalhadores da Atento", explica Mauro Cava de Britto, secretário geral do Sintetel (Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações do Estado de São Paulo).
Esse é o caso da Ariane Reis, 35 anos, uma das proprietárias de um caminhão de comida que fica na Praça Luiz Buonfiglio, em frente à entrada da Atento. "Não sei como ficará o nosso faturamento. Essa é a maneira como pago minhas contas e 90% do público que atendemos trabalha lá. Caso (a empresa) feche, mudaremos de ponto ou investiremos no delivery", afirma, Esse anúncio se soma aos prejuízos causados pela crise sanitária e dificulta a permanência dos comércios. Antônio Araújo, 64, é chapeiro de uma lanchonete na avenida onde está a Atento e afirma que ficou surpreso com a notícia. "Ela é o nosso porto seguro porque traz clientes fixos. Não sei o que o patrão vai decidir, mas estamos com problemas desde o começo da pandemia. Sem a empresa, piora tudo."
Flávio Santos, 37, gerente de outra lanchonete na rua Dom Luís, concorda que os impactos serão irreversíveis. Diferentemente do caminhão de comida, por exemplo, ele não consegue trocar o local de atendimento com tanta facilidade. "Praticamente todo o movimento que temos vem da Atento. Eles almoçam, lancham, frequentam aqui o dia inteiro. Com o fechamento, perdemos 90% da nossa clientela. Estamos realmente pensando em fechar as portas e encerrar 25 anos de história".
Em nota, a Atento esclarece que seguirá operando no município, mas no formato remoto. "A empresa possui hoje mais de 50% dos colaboradores da unidade atuando em home office e reforça que está ampliando esse modelo de atuação, seguindo uma tendência iniciada na pandemia e adotada por empresas de diversos setores".
O prefeito Orlando Morando (PSDB) se reuniu ontem com o líder de Relações Institucionais e Governamentais da Atento, Gustavo Faria, que assegurou a preservação dos trabalhadores formais. "A empresa está desmobilizando a estrutura física, mantendo, contudo, o quadro de pessoal, bem como o endereço fiscal em São Bernardo. A Prefeitura considera que o essencial é a garantia dos empregos, o que foi ratificado pelo representante da Atento", informa Prefeitura por nota.
O sindicato teme cortes, pois com o home office a empresa pode contratar pessoas de outras cidades ou Estados.
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