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Tigre desafia tradição
do Azulão no 1° clássico
Marco Borba
Thiago Silva
02/04/2011 | 07:30
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Quando pisarem no gramado do Anacleto Campanella, hoje às 18h30, São Caetano e São Bernardo vão escrever o primeiro capitulo de uma história que já desperta polêmicas. Os ambiciosos são-bernardenses, donos da terceira melhor média de público do Campeonato Paulista, falam em pintar o estádio inimigo de amarelo e preto. Os donos da casa, para impedir a anunciada invasão, aumentaram o preço dos ingressos.

Outro ingrediente apimenta a disputa. Se vencer, o Azulão mantém o sonho do G-8 e afunda o rival. A derrota, porém, pode deixar a equipe bem perto da zona da degola nas últimas rodadas e dá tranquilidade ao Tigre.

Ainda sob efeito da derrota para o Santo André, os dirigentes do Azulão ainda não digeriram o tropeço diante do Ramalhão, que tornou mais longo o caminho por vaga nas quartas de final. O time é o décimo, com 20 pontos, quatro a menos que o Oeste (oitavo) e precisa da vitória para seguir na briga por uma vaga na próxima fase e também para não correr o risco de mergulhar no cesto daqueles que tentam se livrar do rebaixamento, caso do São Bernardo, 16º, com 15 pontos.

Ontem, véspera do confronto, o vice-presidente do Azulão, Luiz de Paula, o Batata, foi ao Anacleto Campanella cobrar o grupo.

No São Bernardo, o clima é parecido. Durante a semana o técnico Estevam Soares fechou todos os treinamentos. Segredos que serão revelados apenas quando a bola rolar.

Fonseca minimiza tática de Estevam

Político, o técnico do São Caetano, Ademir Fonseca, escolheu a dedo as palavras para não criar saia-justa, porém minimizou a importância dos treinos secretos comandados por Estevam Soares, que mandou fechar os portões do 1º de Maio para a imprensa às véspera do clássico.

"Não posso responder pelos outros, mas acho que é só para criar clima para o clássico. Já fiz treino secreto em algumas oportunidades, em outros clubes, quando tinha dúvidas na minha escalação. Agora, em relação à situação de jogo, não vejo muito sentido porque os times assistem aos vídeos das partidas uns dos outros. Não há muito segredo nos dias de hoje", comentou.

Fonseca também justificou porque não usou a mesma tática do adversário. "Aqui ainda não fiz porque queria criar uma identidade do time com os torcedores. Acho isso importante criar essa identidade, que o torcedor saiba ao menos a escalação do seu time. Acredito que o torcedor do São Caetano hoje já conhece pelo menos 70% do time que vem jogando", calcula.

O treinador do Azulão garante que não apresentará surpresas na escalação como resposta à tática de Estevam Soares.

"Cada um sabe onde o calo aperta. Meu time está pronto. Não tem segredo mesmo, é o que vem jogando", resumiu.

Fonseca não adiantou, porém, com que esquema de jogo inicia a partida, se no tradicional 4-4-2 ou no 3-5-2. Este último já foi usado em algumas partidas com a entrada de Thiago Martinelli na zaga ao lado de Jean e Anderson Marques.

"Espero um time compacto, independente da formação. Precisamos ter equilíbrio em todos os setores, na defesa, no meio e no ataque", destacou.

O técnico voltou a apostar no poder de superação da equipe ao lamentar novamente a perda de Vandinho, artilheiro do time no Paulista com cinco gols, para o futebol russo no mês passado.

"Precisamos ter humildade e calma para buscar o gol, mas precisamos imprimir o nosso melhor, porque desde que o Vandinho foi embora temos tido dificuldades nas conclusões", admitiu. O Azulão tem o segundo pior ataque do Paulista. Fez 14 gols, dois a mais que o Santo André.

Metade dos ingressos estão vendidos

Até o fim da tarde de ontem cerca de 1.500 da carga inicial de 3.000 ingressos disponibilizados para o jogo haviam sido vendidos.

A assessoria do São Caetano não soube informar quantos bilhetes foram cedidos ao São Bernardo. A diretoria do clube havia solicitado no início da semana aproximadamente 1.000.

Caso cumpra o prometido, o Tigre pode ter mais torcedores no Anacleto Campanella que o Azulão, mesmo sendo visitante.

Às vésperas do clássico, a diretoria do Tigre criou polêmica ao dizer que promoveria uma "invasão" na casa vizinha e reclamar dos preços dos ingressos.

Os bilhetes para cadeiras cobertas custam R$ 60 e para as arquibancadas, R$ 40. Hoje, as entradas podem ser adquiridas no local do jogo a partir das 15h30, até o início do segundo tempo.

Para Martinelli, equipe tem de jogar com humildade

Ciente de que o São Bernardo entra em campo para o tudo ou nada no Anacleto Campanella, o zagueiro Thiago Martinelli avalia que o São Caetano precisará de muita atenção e humildade para vencer o jogo e seguir na briga por vaga entre os oito que avançam para as quartas de final do Campeonato Paulista.

"Não há jogo fácil no Paulista. Este em especial pode ser ainda mais difícil pela situação deles. Precisamos da vitória, mas temos de ter muita humildade para marcar, porque é um time que se fecha muito e sai em velocidade para o ataque", aconselhou.

Martinelli, que já trabalhou com Estevam Soares no próprio São Caetano em 2006 diz não se lembrar se naquele período o treinador já fechava os treinos para a imprensa e preferiu não se aprofundar nos comentários sobre a tática.

"Cada um tem sua maneira de trabalhar. Cabe a nós fazermos nossa parte para não sermos surpreendidos em casa", comentou o zagueiro.

São Bernardo fecha treino novamente e mantém o mistério

A semana inteira de treinamento do São Bernardo teve praticamente o mesmo roteiro: portões fechados para evitar qualquer divulgação do time. O técnico Estevam Soares, no entanto, garante que o motivo de trabalhar secretamente foi para dar tranquilidade à equipe, que vem de duas derrotas consecutivas - para Botafogo e Americana -, além do pífio futebol apresentado.

"Sofremos dois reveses seguidos e, para piorar, jogos em que não fomos bem. Foi um tsunami que passou pelo nosso time. Precisávamos de momento somente nosso e tínhamos que ficar quietos", explicou o técnico Estevam Soares. "Sei que treinar com portões fechados não ganha jogo. Mas queríamos essa tranquilidade", explicou o treinador.

Os jogadores veem com indiferença treinar com os portões fechados ou abertos. "Para mim tanto faz. Não interfere em nada. É mais a opinião da comissão técnica, que preferiu esconder a escalação", destacou o lateral Moreno, que deve atuar como terceiro ou segundo volante. "Não faz diferença nenhuma mesmo, mas é escolha do técnico e merece respeito. Talvez queira deixar o adversário em dúvida, mas o time está definido", emendou o meia Júnior Xuxa.

Para Danielzinho, um dos poucos destaques da equipe, treinar escondido deu certo no ano passado, quando estava emprestado ao Avaí. "Para mim tanto faz, mas é bom treinar com os portões fechados. O (técnico) Vagner Benazzi fez isso no Avaí e nosso time se livrou do rebaixamento no Campeonato Brasileiro", lembrou o atacante.

O esquema de portões fechados deve continuar na próxima semana, quando o São Bernardo recebe o Santo André (dia 9), no último jogo da equipe no Estádio 1º de Maio.

No entanto, o presidente Luiz Fernando Teixeira admitiu que o clube pode ser mais brando e que, em alguns momentos dos treinamentos, os portões seriam abertos.




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