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Em 7 anos, Represa Billings perde 10% da sua capacidade

No Dia Mundial da Água, especialista alerta sobre necessidade de preservar um dos maiores mananciais da Região Metropolitana

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
22/03/2022 | 00:01
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Celso Luiz/DGABC


Imagine que você comprou uma caixa-d’água de 1.000 litros porque é essa a demanda da sua família. Mas alguém esqueceu o reservatório destampado e todo tipo de coisa caiu lá dentro. Agora o equipamento só consegue armazenar 750 litros. É exatamente isso o que ocorre atualmente com a Represa Billings, um dos maiores mananciais da Região Metropolitana, que já perdeu 25% da sua capacidade de armazenamento. Hoje, no Dia Mundial da Água, a professora, pesquisadora da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) e coordenadora do projeto IPH (Índice de Poluentes Hídricos), Marta Marcondes, afirma que os últimos 10% foram desperdiçados desde 2015.

Segundo dados do governo do Estado, a Represa Billings tem capacidade original de armazenamento de 995 milhões de metros cúbicos (ou 995 mil caixas-d’água de 1.000 litros). Perder 25% da sua capacidade significa deixar de armazenar 248,7 milhões de metros cúbicos de água, o equivalente a 99,5 mil piscinas olímpicas. 

A docente apontou que, atualmente, os índices que indicam a capacidade de armazenamento do reservatório – segundo dados da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), o sistema Rio Grande, que faz parte da Represa Billings, tinha ontem 104,1% de sua capacidade disponível – não levam em conta essa perda causada por assoreamento no leito da represa. “Quando a gente fala que o reservatório tem 80%, 100% da sua capacidade, não é a mesma capacidade de quando ele foi criado”, reforçou.

Marta explicou que o monitoramento da qualidade da água começou em 2015, quando já havia perda de 15% na capacidade. “De lá para cá, a gente vem perdendo ano a ano. Isso ocorre por conta da ocupação das margens da represa, que resulta no despejo de detritos e esgoto in natura (sem tratamento), especialmente nas regiões dos braços do Rio Grande, Taquacetuba e Bororé, mas também no corpo central da represa”, pontuou a especialista. Além de perder capacidade de armazenamento, esses despejos comprometem a qualidade da água.

Apesar disso, Marta relatou que também existem locais da represa onde a qualidade da água tem se mantido em níveis bons, como os braços Rio Pequeno, Capivari e Rio das Pedras, todos em territórios do Grande ABC. “Isso mostra que nas áreas mais preservadas, onde as prefeituras realmente evitam ocupações, a represa está mais viva”, afirmou. A professora lembrou que cuidar do manancial deveria ser a principal prioridade para todas as esferas de governo. “É possível fazer, porque temos locais da represa onde a água está limpa. Mas é necessário um esforço conjunto. Todas as cidades precisam decidir por isso. O Rio Pinheiros está sendo despoluído, mas é preciso despoluir as microbacias, o Rio Tamanduateí, os córregos que chegam até ele”, completou.

A Sabesp informou que não utiliza água diretamente da Represa Billings para abastecer a população. A captação é feita no braço Rio Grande, que é separado por barragem do corpo central da represa. O Sistema Rio Grande atende cerca de 1,4 milhão de pessoas no Grande ABC. 

A companhia destacou que investe continuamente em saneamento na área da Billings, visando recuperar a qualidade da água e o entorno por meio da coleta e tratamento de esgoto da região da represa. A Sabesp explicou que o local é área de preservação permanente, com grande concentração de moradias informais, onde, por lei, não é possível implantar infraestrutura de saneamento sem autorização. A empresa não comentou sobre a perda de capacidade do reservatório.

Programação marca a data na região

Santo André realiza hoje uma oficina sobre o ciclo da água na Emea (Escola Municipal de Educação Ambiental) Parque Tangará/Parque Escola com alunos da rede municipal. Está prevista também ação de sensibilização e mutirão de limpeza realizados pelo Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental) no Parque do Pedroso. A atividade deve começar às 9h e o ponto de encontro é a portaria principal do equipamento.

São Bernardo conta com diversas atividades na Semana da Água, como abertura de exposição no Golden Square Shopping (leia mais no link https://bit.ly/3L3l1ok); ações de conscientização, cursos e atividades no Parque Estoril; palestra presencial amanhã, no Camp (Centro de Formação e Integração Social) SBC do professor Décio Semensatto Junior, com o tema Onde Foi Parar o Plástico que Estava Aqui?, entre outras atrações.

Em Diadema, o Dia Mundial da Água será celebrado no sábado, com debates e palestras no borboletário da cidade, das 14h às 19h. Inscrições podem ser feitas pelo link https://bit.ly/3wpGu78. Ribeirão Pires realiza atividade com os alunos da Escola Municipal Antonio Lacerda Bacelar quanto à importância e à limpeza dos corpos d’água como córregos, rios e represas. A Prefeitura também intensificou o material e divulgação em suas redes sociais com conteúdos sobre economia, importância, qualidade e poluição das águas dos córregos, rios e represa que cortam a cidade. 

Rio Grande da Serra, cidade que tem 100% de seu território em área de manancial, não programou nenhuma atividade. São Caetano e Mauá não responderam até o fechamento desta edição.

SÃO PAULO

Em São Paulo, o Atelier Travessia (Rua Minas Gerais, 201, Higienópolis) realiza às 19h a roda de conversa A Água Nossa de Cada Dia, que vai receber representantes de diversas cidades e diferentes regiões de São Paulo. Do Grande ABC, participam a professora, pesquisadora da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) e coordenadora do projeto IPH (Índice de Poluentes Hídricos), Marta Marcondes. e os representantes do coletivo A Voz dos Rios, de Santo André, Sandro Nicodemo e Ubimara Ding. O evento terá transmissão on-line, das 20h às 22h, pelas redes sociais do Atelier Travessia, Facebook.com/ateliertravessiae no Instagram, @ateliertravessia.




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