Economia Titulo Aumento dos combustíveis
Motoristas falam em deixar os aplicativos após alta da gasolina

Trabalhadores dizem que elevação de preços irá impactar os ganhos; empresas vão conceder reajuste nas tarifas, que variam de 5% a 6,5%

Nilton Valentim
Carolina Helena
Especial para o Diário
12/03/2022 | 09:31
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Um dia após o anúncio do mega-aumento dos combustíveis – 18,7% na gasolina e 24,9% no diesel –, os motoristas se assustaram com os números exibidos nas placas de preço dos postos. Aqueles que trabalham com transporte por aplicativos, inclusive, cogitaram deixar o serviço, pois a margem de lucro foi extremamente reduzida. Ontem a equipe de reportagem encontrou a gasolina comum a R$ 7,799 e a aditivada por R$ 8,599.

“Não deu para ver ainda a diferença total. Mas já senti que ficará mais difícil. Normalmente abasteço em torno de R$ 100 a R$ 150 por dia. Com isso, vou rodar de 30 a 49 quilômetros a menos. Com ganho de R$ 1,60 a R$ 1,80 por quilômetro por quilômetro percorrido, será uma diferença bem grande no faturamento”, afirma Felipe Santana, 30 anos,

As motos consomem menos que os carros, mas nem por isso quem usa esse tipo de veículo não ficou preocupado com a elevação dos preços. Everton Ribeiro, 30, que há sete utiliza a motocicleta para trabalhar, avalia a possibilidade de buscar outra alternativa. “Eu já estou procurando outro trabalho porque não tem nem condições. Tudo está muito caro. A gente fica chateado com isso. Adoro a minha profissão. Entretanto, vou ter de desistir, porque tenho família (para sustentar) e eu não estou conseguindo levar nada para casa”, afirma.

Ontem empresas de aplicativos anunciaram que vão elevar os ganhos dos motoristas para amenizar as perdas com o aumento dos combustíveis. A 99 vai conceder 5% de reajuste. A Uber promete elevar em 6,5% o valor das corridas de forma temporária. O aplicativo promete investir R$ 100 milhões no Brasil nas próximas semanas em iniciativas “voltadas ao aumento nos ganhos e redução dos custos dos parceiros”.

O preço do diesel, que ontem foi encontrado a R$ 6,749 em Santo André, preocupa principalmente o setor de transporte, seja de carga – leia mais abaixo – ou de passageiros. O combustível corresponde a cerca de 50% dos custos fixos da empresas. Representantes do setor relatam que nos últimos 12 meses subiu cerca de 70%.

Para se ter uma ideia, cinco anos atrás, o derivado do petróleo custava, em média, R$ 2,952 no Estado de São Paulo. Isso significa elevação superior a 130% no período. 




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