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‘Tirava as cabeças das bonecas para jogar futebol’

São-bernardense Bia Menezes, do Santos, recorda desafios de uma garota no esporte

Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
07/03/2022 | 00:01
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Divulgação/Santos FC/Pedro Ernesto Guerra Azevedo


O futebol feminino subiu alguns degraus nos últimos anos no Brasil, com o engajamento de times grandes, melhores condições às jogadoras, investimento nas categorias de base. Ainda assim, a modalidade está muito longe da atenção e dos aportes financeiros que são feitos no masculino, e milhares de garotas no País ainda precisam não só conquistar a empatia da família como despontar em meio aos meninos para dar sequência aos seus sonhos de serem atletas. E foi este o caminho percorrido pela são-bernardense Bia Menezes, 24 anos, que atua tanto como lateral-esquerda quanto como volante no Santos. 

Mas se nos dias atuais a atleta consegue viver do esporte em um dos maiores clubes do Brasil, ela teve de percorrer longo caminho, repleto de desafios e obstáculos. O primeiro, ainda criança, no Jardim Valdibia, em São Bernardo: ter uma bola para jogar.

“Eu ganhava muitas bonecas de presente da minha família, mas não gostava tanto de brincar com elas, desde pequena eu queria mesmo era jogar bola. Então a solução que eu encontrei foi tirar as cabeças de algumas para jogar futebol dentro de casa mesmo. Quando eu ganhava uma nova eu já pensava em arrancar a cabeça para usar como bola”, recorda Bia Menezes.

Depois que a família se acostumou à ideia, Bia iniciou na escolinha do Lavínia EC, onde sua carreira efetivamente começou a ser construída. Mas o início foi difícil, bem como recorda a são-bernardense. “Não foi fácil. Sofri muito preconceito. Não só dos meninos, mas também dos pais deles. Algumas das vezes, não aceitavam que eu era titular e o filho deles ficava no banco”, relembrou Bia.

Após alguns anos no Lavínia, passou em peneira para o sub-15 do São Bernardo FC, onde ficou um ano e meio. De lá, seguiu para o Centro Olímpico, onde se destacou e foi convocada pela primeira vez à Seleção Brasileira Sub-17, em 2013. Vestiu a amarelinha ainda em dois Mundiais Sub-20. Defendeu Audax, Rio Preto, Flamengo até, em 2020, chegar ao Santos. 

Pouco depois de assinar com a equipe de São José do Rio Preto, Bia passou por mais um desafio na vida: sofreu acidente de carro e precisou ficar um mês usando um colar ortopédico no pescoço, tendo de permanecer dois meses longe dos gramados. “Foi uma fase muito complicada. Eu sentia muita dor nas costas e tinha que ficar o dia todo com o colar, demorei para conseguir voltar aos treinamentos”, rememorou.

Totalmente recuperada, mais experiente e repleta de sonhos, ela estreou com o Santos ontem no Brasileirão feminino – contra o Real Brasília, fora de casa, que venceu por 3 a 1 –, no qual o clube busca o bicampeonato – levantou o troféu em 2017. “Estamos preparadas e espero que a gente consiga fazer boa campanha.”

Desde que assinou com o Peixe, Bia mora na Baixada Santista, mas não esconde o carinho e ainda tem ligação com o ‘B’ do Grande ABC. “Tenho familiares por parte de pai e um carinho muito grande pela cidade”, finalizou .




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