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Nove a cada dez brasileiros iniciaram 2022 endividados

Consumidores revelam não conseguir manter despesas básicas com salário mensal; desemprego e inflação são as causas

Beatriz Mirelle
Especial para o Diário
06/03/2022 | 00:01
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Agência Brasil


Cerca de 88% dos consumidores começaram 2022 com dívidas. Desse número, 57% afirmam que está difícil suprir as necessidades básicas apenas com a renda do mês. A pesquisa da Acordo Certo, fintech do Grupo Boa Vista voltada para renegociação, também revelou que 32% dos brasileiros estão mais endividados agora do que no início de 2021. 

O economista Sandro Maskio, coordenador de Estudos do Observatório Econômico e professor do curso de ciências econômicas da Universidade Metodista de São Paulo, afirma que vários fatores influenciam esse cenário de insegurança. “A taxa de desemprego diminuiu para 11,1% no quarto trimestre de 2021. Mesmo assim, a renda média do trabalhador continua caindo e afetando o poder de compra”, afirma.

De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), existem cerca de 13,9 milhões de desempregados no País. 

Além dos índices ruins no mercado de trabalho, o aumento da inflação é outro fator determinante. “Isso corrói ainda mais o salário e dificulta a gestão das finanças. A taxa de juros é extremamente cara e prejudica o consumidor, seja pelo cheque especial, cartão de crédito e até mesmo o crédito consignado”, diz Maskio.

O levantamento mostra que 38% dos entrevistados esperam mais aumentos dos gastos de casa em 2022. Houve um crescimento de 7% em relação à percepção do ano anterior. “Existem famílias que já estavam endividadas, sofreram com a perda de emprego e, consequentemente, não têm capacidade de quitar nem as dívidas anteriores, muito menos as atuais”, analisa Maskio.

Em fevereiro, a taxa média de juros para empréstimos pessoais ficou em 6,60% ao mês, crescendo 2,01% em comparação a janeiro. Já a do cheque especial permanece com média de 7,96% ao mês, segundo o Procon (Programa de Proteção e Defesa do Consumidor). 

A economista Bruna Allemann, educadora financeira da Acordo Certo, avalia que as despesas domésticas são uma das maiores preocupações atualmente. No entanto, apesar das dívidas, 31% dos entrevistados não encontram dificuldades para administrar as contas dentro do orçamento. “Essa percepção é equivocada. Não podemos normalizar o fato de estar com o ‘nome sujo’. Mesmo com dificuldades e dentro dos limites de preocupação, é preciso ter consciência de que estar em débito não é um bom sinal para a saúde financeira”, considera a especialista, que defende a organização como a principal forma para negociar e administrar os gastos.




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