Setecidades Titulo Super-cão
Cão farejador vira herói em Rio Grande da Serra

Apolo foi responsável por encontrar o corpo da jovem Lorrany na mata de Vila Verde, no mês passado; treinamento é pesado

Thainá Lana
Do Diário do Grande ABC
20/02/2022 | 07:00
Compartilhar notícia
DGABC


O pastor holandês Apolo acumula grandes feitos na sua curta carreira profissional na GCM (Guarda Civil Municipal) de Rio Grande da Serra. O animal de apenas dois anos e seis meses é treinado para encontrar entorpecentes e pessoas vivas durante operações policiais, e. em janeiro, foi responsável por achar o corpo da jovem Lorrany Fernandes, 19 anos, que estava desaparecida havia cinco dias. O caso, que gerou comoção, foi solucionado após buscas intensas pelas matas do município.

Após ronda primária por Vila Verde, os guardas da GCM encontraram o chinelo da estudante de enfermagem e, a partir dessa etapa que Apolo entrou em ação. Foi apresentado novamente para ele peça de roupa da jovem para que o cão pudesse sentir o odor. Poucos metros à frente, em uma trilha com mato abaixado, o animal apresentou rápida mudança de comportamento: as orelhas ficaram levantadas, o rabo ficou erguido e, para sinalizar que havia encontrado algo, ele pulou no peito do seu condutor.

Antes dessa operação, Apolo tinha participado de duas ações policiais por buscas de pessoas e duas por buscas por entorpecentes na cidade. Para poder realizar essas funções, ele passa diariamente por treinamento intenso de obediência, além do reforço nos trabalhos de busca. O guarda municipal Renan Bressaini, 37, é quem conduz o adestramento do cão – eles ficam juntos sete dias da semana, por cerca de dez horas por dia.

“O Apolo deverá sair da busca por entorpecentes e passará a realizar a procura por cadáveres, além da busca por pessoas vivas que ele já realiza. Então, agora estamos realizando outros treinamentos para que isso ocorra da forma mais natural possível”, conta Bressaini, que reforça a importância do lazer durante os treinos para uma vida saudável do animal. “Antes do treinamento é o momento para ele brincar, correr, pegar a bolinha e fazer o que mais quiser, ele precisa ter esse tempo”, declara o guarda municipal.

Apaixonado por animais, o agente de segurança ingressou na guarda municipal com objetivo de trabalhar no canil da cidade. Renan relembra que os animais chegaram antes mesmo da GCM no município, há três anos. “O prefeito comprou dois cães no período em que os guardas ainda estavam em formação. Além do Apolo, a corporação conta com o trabalho do K9 Yuri, um pastor-belga malinois, que ainda está em fase de treinamento e passará a realizar a busca por entorpecentes no lugar do Apolo”, conta o condutor.

Além de Renan, Apolo ainda conta com outro parceiro, o guarda municipal João Vitor Rocha Amado, 27, que também é o condutor principal do cão farejador Yuri. “Somente nós dois temos acesso aos cães, todo trabalho em relação aos animais é realizado por nós. Trabalhar com animais é esforço contínuo, tem que ter paciência e amor”, conta o agente Rocha.

CÃO SOCIAL
Em Rio Grande da Serra, o tempo de serviço de um cão farejador pode durar oito anos, dependendo do desempenho e da saúde do animal. Após a aposentadoria, a preferência para adoção é do condutor que passou mais tempo com o cão e, caso o agente não tenha interesse, o animal fica disponível para o público. Mesmo faltando muitos anos de serviço até a aposentadoria de Apolo, seu tutor já demonstra o desejo de adotar o companheiro de trabalho.

O carinho entre os dois é tão grande que até durante o período de férias do guarda municipal Renan, o animal deverá acompanhar o condutor. “A ideia é não perder o vínculo que criamos ao longo do trabalho, então ele passará esse tempo comigo. É muito importante manter nossa relação ativa para não perdemos tudo que construímos nos treinamentos”, conta.

Mesmo focado no trabalho de buscas, Apolo se apresenta como um cão dócil e sociável. Além das operações policiais, ele também realiza apresentações para crianças, e o animal participará em abril deste ano do campeonato das guardas municipais, em Itu, no Interior.

DESASTRES
Os governos de São Paulo e de Minas Gerais enviaram na sexta-feira equipes do Corpo de Bombeiros, com cães farejadores, para ajudar nos trabalhos de busca e resgate de vítimas do desastre provocado pelas fortes chuvas em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Além das operações policiais, os cães farejadores são frequentemente utilizados em desastres naturais para buscas de pessoas vivas ou mortas.  

S.Caetano e Ribeirão também usam cachorros

Cães farejadores não são exclusividade da GCM (Guarda Civil Municipal) de Rio Grande da Serra. São Caetano e Ribeirão Pires também utilizam os animais para tentar esclarecer crimes ou na fiscalização em busca de entorpecentes.

Atualmente as duas cidades contam com 16 cães farejadores, sendo 12 em São Caetano e cinco em Ribeirão Pires. Os dois municípios possuem canil próprio onde são realizados treinamentos, recreação e consultas veterinárias. Os animais são acionados para proteção de munícipes, praças, escolas, espaços públicos, operação de detecção de drogas ilícitas em apoio às instituições municipais, estaduais e em operações que envolvam a própria corporação, demonstrações de cunho educacional e recreativo. Os cães ainda podem ser empregados em outras missões para as quais estejam treinados, desde que sejam relacionadas com as atividades da corporação.

A maioria dos cães da GCM de São Caetano é da raça pastor-belga malinois, “devido ao ótimo desempenho na detecção (faro), bem como na guarda-proteção e, principalmente, pela sua agilidade no cumprimento da missão”, informou a Prefeitura. Já em Ribeirão Pires os animais são da raça pastor alemão, “por ser um cão muito obediente, disciplinado e bastante concentrado no trabalho, e temos também os belgas malinois, que são muito inteligentes, ágeis, e obedientes”, esclareceu o Paço de Ribeirão.

ADOÇÃO
O canil de Ribeirão Pires tem disponível para adoção particular uma fêmea de oito anos da raça pastor belga malinois. Em breve a unidade terá um pastor alemão que já está entrando em processo de aposentadoria. Os interessados deverão se dirigir à sede da GCM e procurar por qualquer integrante da equipe canil para obter todas as informações necessárias para o processo.
As guardas civiis de Santo André, São Bernardo e Diadema não utilizam cães farejadores para operações policiais. A Prefeitura de Mauá não respondeu.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;