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Faixa tem recado a motoqueiro que faz barulho e empina o veículo

‘Tirar de giro’ e ‘chamar no grau’ incomodam os moradores; proibição seria de facção criminosa

Francisco Lacerda
10/01/2022 | 08:18
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Celso Luiz/DGABC


“Proibido tirar de giro, chamar no grau, roubar pedestre e etc (sic). Sujeito a cacete.” Esses são os dizeres em faixas espalhadas geralmente nas entradas de comunidades nas cidades do Grande ABC e em outros municípios da Região Metropolitana de São Paulo, na Baixada Santista e também no Interior – Heliópolis, Parelheiros, Jaçanã, na Grande São Paulo; Santos (Morro São Bento), Guarujá (Morro do Macaco e na Comunidade da Barreira) e Itanhaém (Guarupá); e em Campinas (Parque Oziel e Jardim Campo Belo). A equipe do Diário flagrou o objeto na entrada do Parque Miami, bairro de Santo André.

Seria recado direto a motoqueiros que retiram uma das partes do escapamento para produzir som barulhento que tem incomodado moradores. esses condutores fazem também manobras radicais e geralmente não usam capacete, atitudes em desacordo com o CTB (Código de Trânsito Brasileiro). Veículos com essas características têm presença constante em bailes na periferia, os chamados pancadões, e nas festas de fim de ano.

Na gíria dessas comunidades, ‘tirar de giro’ nada mais é do que forçar a aceleração da moto até provocar ‘explosão’ no escapamento, o que faz com que o barulho provocado assemelhe-se a disparo de arma de fogo. Empinar a moto, deixando-a trafegar apenas sobre a roda traseira, é manobra conhecida como “chamar no grau”.

Circula nas redes sociais vídeo em que homem de Osasco, na Grande São Paulo, desrespeita ‘ordens’ impressas nessas faixas e é agredido com socos, cotoveladas e chutes após realizar manobras radicais em uma das comunidades da cidade. Os agressores seriam integrantes de facção criminosa que age dentro dos presídios do Estado. Seriam eles também os responsáveis pelas faixas. Depois das agressões, inclusive, o homem é obrigado a gravar outro vídeo, desta vez pedindo desculpas e sugerindo a outros adeptos da prática que respeitem as determinações. Nas cenas é possível ouvir orientações do que ele deve dizer. A justificativa é a preservação da segurança de jovens e idosos.

“Rapaziada, boa tarde. Eu tô gravando esse vídeo pra eu me retratar referente a um vídeo que eu postei no Instagram com a moto onde estavam as faixas. Quero deixar bem claro pra vocês que essas faixas precisam sim ser respeitadas. Quem tá colocando é o crime em prol da população, para procurar a melhoria, porque a molecada tá tirando de giro, tirando um barato, trazendo risco pra população, empinando, trazendo risco pra criançada e pros idosos, incomodando trabalhador e tirando de giro. Vim aqui me retratar. Quero que vocês postem esse vídeo aí pra servir como exemplo”, diz o motoqueiro agredido.

Morador do Jardim Santa Cristina, em Santo André, que preferiu não se identificar com medo de represálias, diz que é comum ver pelo bairro esses veículos, principalmente em dia de “baile”, alguns deles, inclusive, “roubados”. Ele afirma que a população está entregue à própria sorte, porque “a molecada é sem noção e não tem limite”. “Conheço alguns que têm essa mania, que não são meus amigos. Eles tiram o escapamento para fazer barulho. Aceleram, estralam, quando desliga e liga a moto, reproduzindo som que parece bomba, tiro. Às vezes tem criança na rua e eles passam ‘a milhão’, com risco de atropelamento. E isso não tem hora.”

Em nota, a Polícia Militar informa que policiamento ostensivo tem sido realizado nos locais citados com base em critérios técnicos e sistemas inteligentes. “Toda informação de crime ocorrido é transmitida à Polícia Civil para investigação, ouvindo as vítimas e todas as partes, identificando os criminosos através de câmeras da região e outras provas. A PM acompanha os índices criminais de todo o Estado e tem reforçado as ações na região mencionada. Até o mês de novembro deste ano, a Polícia Militar atendeu 17 milhões de chamados da população, prendeu 110 mil criminosos e aprendeu 6.600 armas de fogo. Esses números demonstram o compromisso da PM em proteger a sociedade, cumprindo seu papel de garantir a vida, fazendo diferença no dia a dia das pessoas. Todos esses criminosos, crimes e as armas, usadas para ceifar vidas, foram retirados das ruas, inibindo novas ações criminais.” 




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