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- Aquele vinha sendo um dos anos mais felizes da minha vida, em todos os departamentos. E recebi o diagnóstico. Até entender que berimbau não é flauta, você sofre. Foi um sofrimento por falta de informação. As pessoas se assustam com o nome, mas esclerose quer dizer inflamação. É uma doença cognitiva, mas sou obediente no tratamento. Depois de surtos cognitivos iniciais, nesses 12 anos não tive nada. Fiquei mais rápida. Me trouxe uma urgência de não perder tempo com bobagem.
Atualmente, a atriz pode ser vista na TV com a novela Um Lugar ao Sol, da Globo, e nos teatros com o espetáculo Um Dia a Menos. Durante a conversa, ela comentou o cancelamento da peça no Teatro dos Quatro, onde uma nova temporada entraria em cartaz esta semana. Em vez disso, a reestreia ocorrerá no sábado no Teatro Petra Gold, no Rio de Janeiro. A mudança ocorreu pelo fato da atriz não concordar com a decisão do espaço de abrigar uma sessão de autógrafos do livro Contra o Sistema da Corrupção, do ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro.
- Teria cancelado mil vezes. Eu sonhei a vida toda em pisar naquele palco. O teatro alega que a relação é comercial, que precisa alugar o espaço, mas você vai alugar para a turma que desmontou a cultura no Brasil? Decidi não fazer. Sem briga. Assim como eles têm o direito de alugar, eu tenho o direito de cancelar. Quando um não quer, dois não brigam.
A produção é uma adaptação de um conto de Clarice Lispector e conta a história uma mulher com dificuldade de atravessar o dia na ausência de Augusta, sua empregada. A personagem questiona a própria existência ao enfrentar a monotonia da vida. Segundo o jornal, o diretor Leonardo Netto comentou a peça e disse que a pandemia fez com que a produção recebesse outras leituras.
- É simples porque é um solo, quase não tem cenário, há pouca movimentação da Ana. Temos uma poltrona, uma mesinha com um abajur, ela quase não se levanta. Mas é complexo porque o que está sendo dito é muito duro e profundo.
Ele também aproveitou para elogiar Ana Beatriz.
- É uma das maiores atrizes do país. A entrega dela é o que mais me fascina. O que você propõe ela faz, não tem discussão. É um sonho para qualquer diretor.
A atriz conta com 35 anos de carreira e um currículo extenso, tendo dado os primeiros passos no teatro no início dos anos 1980. Na pandemia, não conseguiu ignorar a sua paixão pelos palcos e foi uma das primeiras a apostar em espetáculos online, criando o Teatro Já, no Teatro Petra Gold. Com o projeto, exibiu diversas peças virtualmente e reverteu a renda para profissionais do setor.
- Estava quarentenando em Araras. Me bateu aquela falta de exercer a profissão. Perguntei ao Petra Gold se eles me dariam um espaço para inventar uma história, uma programação. E eles foram maravilhosos. Falei pra gente fazer uma coisa beneficente, para todos os técnicos, e alguns atores. Fui ligando de um em um. Dizem que eu sou madrinha de muitas peças.
Para encerrar, apesar da carreira consolidada na TV e no teatro, a artista lamenta a falta de convites interessantes para o cinema. A produção Mulheres do Brasil, de 2006, foi a sua última atuação em um longa-metragem e ela diz que prefere esperar por papéis que realmente façam a diferença em um projeto:
- Eu não abandonei o cinema, o cinema que me abandonou. Fiz muita participação especial que depois o diretor tirou, e tirou na razão dele, claro. Mas parei de fazer por falta de convites interessantes.
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