Chama atenção que um contrato para obras de contenção nas margens de um córrego seja assinado por uma prefeitura somente nos últimos momentos do ano. Parece até que os envolvidos têm alguma coisa a esconder. Será? A situação fica um pouco pior quando se descobre que o fornecedor é amigo do prefeito e que teria feito doações para sua campanha.

Isso aconteceu em Mauá. No dia 29 de dezembro o prefeito petista Marcelo Oliveira e seu secretário de Trânsito e Sistema Viário, Reinaldo Soares de Araújo, colocaram as suas rúbricas em documento pelo qual a empresa LDL Comercial Eireli foi contratada, sem licitação e por valor superior a R$ 1,6 milhão, para executar intervenções no Córrego Corumbé.

O detalhe é que a LDL pertence a Luís Donisete Lima da Silva, que, por acaso, é amigo de Marcelo Oliveira e ainda, segundo fontes, teria contribuído financeiramente na campanha que o levou à Prefeitura.

É um conjunto de circunstâncias que coloca toda essa operação sob suspeita. Até porque as obras em margens de rios e córregos têm como principal objetivo impedir a ocorrência de enchentes e, portanto, já deveriam ter sido iniciadas há muito tempo. Jamais no apagar das luzes. Ainda mais quando a cidade em questão sofreu duas inundações no prazo de 15 dias e o chefe do Executivo culpou o governo do Estado pela não liberação de verbas para aprofundamento de um piscinão.

Pior ainda, um dia após a cidade ficar submersa, enquanto muitos munícipes ainda retiravam a lama de suas casas, pacote de aumento de taxas e tributos era publicado sem dó nem piedade.

A oposição mauaense promete ir à Justiça para impedir que tal contrato seja validado. Um dos vereadores, Sargento Simões, fala em 'criar dificuldades para se vender facilidades'. Ou seja, esperou-se até o último momento, e não foi feito processo de tomada de preço. Com isso, não é difícil prever que o dinheiro dos mauaenses está sendo mal utilizado, porque é grande a chance de a Prefeitura estar pagando a mais pelo serviço.