Setecidades Titulo Surto de gripe
Região vai utilizar leitos de Covid para casos de H3N2

Três cidades registraram 57 suspeitas do vírus na última semana; pacientes reclamam de superlotação nas unidades de saúde 

Thainá Lana
Do Diário do Grande ABC
22/12/2021 | 00:01
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Claudinei Plaza/ DGABC


Nas últimas semanas, o número de casos de Influenza H3N2, subtipo de Influenzavírus A, causou surtos de gripe em diversos Estados do País, como São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. Diante do aumento expressivo nos casos gripais, as cidades do Grande ABC já se preparam para utilizar a estrutura destinada a pacientes com Covid-19 para casos graves de Influenza H3N2 e Srags (Síndromes Respiratórias Agudas Graves).

Em São Caetano, por exemplo, os 70 leitos, sendo 40 de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e 30 de enfermaria, serão remanejados para atender à demanda do vírus gripal em caso de necessidade. Diadema e São Bernardo também deverão utilizar a estrutura destinada a pacientes infectados com o coronavírus. Rio Grande da Serra deve aumentar a capacidade de atendimento na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da cidade, mas os casos mais graves serão transferidos para os hospitais de referência em outras cidades da região, já que o município não possui nenhum hospital municipal. 

No Grande ABC, segundo dados epidemiológicos divulgados pelas prefeituras, nos últimos sete dias foram registradas 15 suspeitas do vírus gripal na rede pública, sendo dois casos em São Caetano e 13 em São Bernardo, onde os pacientes estão internados na rede municipal aguardando resultado laboratorial do Instituto Adolfo Lutz. Em Santo André, tanto na rede pública quanto privada, 54 pessoas foram internadas com sintomas de síndrome gripal, sendo 42 casos confirmados para H3N2 – uma pessoa evoluiu a óbito no município em decorrência do vírus.

Para o médico de urgência e emergência Malek Imad, o número de casos na região pode ser ainda maior devido à falta de testagem do vírus. “O teste para a  influenza H3N2 é mais caro e mais demorado que o de Covid e não tem em todas as unidades de saúde. Por isso, esses dados não refletem a realidade que estamos vivendo. As unidades de saúde estão completamente lotadas de pacientes com sintomas gripais”, esclarece.

CONTROLE DO VÍRUS

O especialista também elenca quais medidas devem ser adotadas para tentar controlar o surto gripal. “Neste momento é preciso aumentar o número de médicos para atendimento e intensificar a triagem de casos graves para isolar essas pessoas em leitos específicos, que também correm o risco de serem infectadas pelo vírus da Covid. Estamos vivendo um surto gripal dentro de uma pandemia, então o ideal é não misturar os pacientes”, explica o médico, que ainda reforça a importância de continuar respeitando as medidas sanitárias para tentar combater o surto gripal, como o uso de máscara, higienização das mãos e manter o distanciamento físico. 

Em relação à contratação de profissionais de saúde por conta da alta demanda, a Prefeitura de Diadema informou que “a administração tem empreendido esforços permanentes para contratar médicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde para manter o quadro completo na rede municipal e realizou, no último fim de semana, concurso público para reforçar o quadro existente”, disse, em nota. Já a Secretaria de Saúde de Santo André informou que segue monitorando a evolução da demanda por atendimento nas UPAs e aumentando o número de médicos nas unidades com maior fluxo de pessoas. 

SUPERLOTAÇÃO

Moradores de São Caetano têm sofrido nos últimos dias com superlotação nas unidades públicas de saúde, por conta do surto gripal que atinge a cidade. A profissional de saúde Ana Julia (nome fictício) está com sintomas gripais e não conseguiu ser atendida no município. Há três dias com dores no corpo, decidiu ir ontem de manhã no Hospital Municipal de Emergências Albert Sabin e encontrou diversas pessoas aguardando por atendimento na unidade. 

A são-caetanense não aguentou esperar o atendimento debaixo do Sol forte e decidiu tentar na Unidade Básica de Saúde Caterina Dall’ Anese, no bairro Olímpico. Porém, ao chegar foi informada que não seria atendida porque a unidade ficaria sem luz nos minutos seguintes. “Assim que cheguei a funcionária informou que a empresa responsável iria cortar a energia do local e a unidade não estava prestando atendimento. Fiz o teste de Covid por conta própria e deu negativo. Pelos sintomas e por causa da minha exposição nos hospitais, acredito que seja a influenza H3N2, porém, não consigo atendimento em nenhum local de São Caetano”, disse, indignada, Ana Julia, que ficou de retornar na madrugada desta quarta-feira no Hospital Albert Sabin para tentar atendimento.




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