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1901. Eleições municipais. Uma guerra entre os republicanos. Houve até ameaça de morte na região

Em 16 de dezembro de 1901, dois partidos disputavam os cargos municipais em todo o Estado, ambos formados por republicanos: a oligarquia que detinha o poder e a ala dos dissidentes

Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
16/12/2021 | 00:05
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icário: 1 capanga, jagunço, pistoleiro, cabra. 2 assassino, celerado, criminoso, delinquente, facínora, homicida, malfeitor, matador.
Cf. Dicionário Online de Português.

No então Município de São Bernardo, hoje Grande ABC, vinha à tona uma rivalidade que se tornaria histórica: Dr. José Luiz Flaquer, o futuro Senador Flaquer, do Partido Republicano Paulista tradicional; e Saladino Cardoso Franco, futuro prefeito, do Partido Republicano dissidente.

Flaquer (então delegado de polícia titular em toda a região) e correligionários tinham o apoio do ‘Correio Paulistano’, órgão do Partido Republicano original; Saladino e dissidentes ganhavam destaque em ‘O Estado de S. Paulo’, o principal jornal a apoiar escancaradamente a dissidência. Briga de gigantes.

Com a disputa de 120 anos atrás, esta página Memória dá um tempo à continuidade da retrospectiva e sistematização das eleições municipais do Grande ABC: deveríamos focalizar a eleição municipal número 42 da história local, realizada em 2016; retornamos à eleição número 5, de 1901, a do tempo dos coronéis.

Os principais contendores eram jovens. Flaquer, nascido em Itu, tinha 47 anos em 1901; Saladino, que nascera na Fazenda Oratório, entre a Zona Leste de São Paulo e o atual Santo André, chegava aos 28 anos de idade.

ELEIÇÃO 5
(Novas antigas informações)

1 – Escrevia Saladino Cardoso Franco, em 14 de dezembro de 1901:

São Bernardo, 14 - Os juízes de paz de Ribeirão Pires foram depostos. O cartório foi invadido por um bando de calabreses às ordens de Vincenzo Contente, que se apoderou do cartório e pretendeu organizar mesa eleitoral com os suplentes de juízes de paz para duplicata da ata, visto ser, pelos meios legais, impossível o triunfo do governo.

A pressão eleitoral é espantosa. 

A Dissidência comparecerá às urnas, custe embora sacrifícios de vida, para provar ao Sr. Rodrigues Alves (presidente do Estado de São Paulo, hoje seria governador) que ainda pulsa o coração republicano. A união conservadora da monarquia não nos governará.

Já estamos habituados a afrontar baionetas e soldados.

Providências não pedimos, porque o governo não desperta diante de tanto barulho.

Viva a República e a Dissidência.

2
– Voltava a escrever Saladino Cardoso Franco, em 15 de dezembro de 1901, véspera da eleição:


São Bernardo, 15 - O delegado de polícia (Dr. Flaquer) concentrou-se. Está na Vila com todos os destacamentos policiais, em número de 28 praças, às ordens de um tal Eugênio Franco.

Diz-se que esta noite a Dissidência será atacada pela força pública e capangas.

Preparamos resistência, com os nossos elementos, que são compostos de pessoas qualificadas.

3 – Também escrevia Paula Novaes, da Dissidência: 

São Bernardo, 15 - Quando os mesários de Ribeirão Pires instalavam a mesa eleitoral, foram agredidos por numeroso grupo de capangas e policiais que invadiram a casa do mesário Pereira Figueiredo e tentaram assassinar o major Major José de Oliveira Catta Preta, presidente da mesa, que milagrosamente escapou aos sicários.


Saberemos pagar com a vida a ousadia de pleitear uma eleição municipal.


Continuaremos a resistir.

Que acontecerá amanhã?

4 – Pereira Figueiredo também se manifestou:

Ribeirão Pires, 15 – A minha casa foi invadida por capangas do governo que tentaram assassinar o 1º juiz de paz, Catta Preta.
Estamos sem garantias.

Tanto o governo e o chefe político Flaquer são responsáveis pela vida de qualquer companheiro

Telegrafei ao chefe de polícia.

NOTA DA MEMÓRIA – Este era espírito da eleição municipal de 1901 na região, pelo relato dos dissidentes, que tinham espaço no ‘Estadão’. A situação, pelo governo de Rodrigo Alves, era suficientemente forte para ganhar o pleito, como de fato ganhou.

SALADINO. O jovem republicano passava a ser um nome conhecido no início do século passado, graças ao seu papel na dissidência republicana

DIÁRIO HÁ MEIO SÉCULO
Quinta-feira, 16 de dezembro de 1971 – ano 14, edição 1717

SANTO ANDRÉ – Prefeitura desapropria quarteirão para a continuidade das obras de abertura da Avenida Perimetral. Plano era interligar o Paço Municipal às Ruas Catequese e das Figueiras, margeando o atual viaduto da Acisa. Pelos terrenos desapropriados passaria a Perimetral, oferecendo uma ampla visão do Paço e contribuindo para uma melhor evasão do trânsito de veículos.
Prefeitura anunciava a construção de coreto e sede para a Banda Lyra de Santo André, segundo contrato assinado pelo prefeito Newton Brandão com a firma Mello Franco.
Iniciada a campanha de imunização infantil (Sabin), com a aplicação da vacinação tríplice.
Antonio Carlos Moreno, o grande jogador de vôlei de Santo André, representará o Brasil em conclave no Japão organizado pela Federação Japonesa de Voleibol.
Segunda rodada da fase final do 6º Campeonato Popular de Futebol de Salão, realização do Diário: no ginásio do Primeiro de Maio, Vila Alice 1, Palestra de São Bernardo 1; Paroquial 4, Eaton Fuller 0; GE 2, Inox 3.

Em 16 de dezembro de...

1911 – Alfredo Sabatini nasce em São Bernardo. Foi esportista e vereador, grande amigo desta página Memória.

1916 – Declarado de utilidade pública, para fins de desapropriação, o lote nº 22 da Linha Bernardino de Campos, do Núcleo Colonial de São Bernardo, necessário ao
abastecimento de água da cidade de Santos.
Nota – A Linha Bernardino de Campos localizava-se no atual Distrito de Riacho Grande, rico em seu sistema hídrico.

1976 – Linha São Paulo a Mauá ganha novos trens.

1991 – Prefeitos do Grande ABC se uniam em defesa da CTBC (Companhia Telefônica da Borda do Campo), unindo-se à luta empreendida pela Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André).

QUE CAMINHOS SEGUIR? Os prefeitos Luiz Carlos Grecco, Amaury Fioravante, Luiz Tortorello, José Augusto, Cido Franco, Celso Daniel e Mauricio Soares na representação do cartunista Adelmo

HOJE
Dia do Reservista
Dia do Teatro Amador

SANTOS DO DIA
Adélia (931-999). Imperatriz da Alemanha. Nora de Santa Matilde. Benfeitora. Com o dinheiro que o marido lhe dava, ornamentava as igrejas, libertava prisioneiros, vestia os sem roupas e alimentava os famintos.
José Manyanety Vives
 Adelaide


Falecimentos 

Santo André

Marina Carvente Teixeira, 88. Natural de Gália (São Paulo). Residia no bairro Bangu, em Santo André. Dia 12. Crematório Vila Alpina.

Claudio Zago, 73. Natural de Santo André. Residia na Chácara Inglesa, em São Bernardo. Dia 10, em São Bernardo. Cemitério da Saudade, Vila Assunção.

São Bernardo

Carmen Nereite Alvarez Garcia, 96. Natural de São Paulo, Capital. Residia na Vila Camargo, em São Bernardo. Dia 10. Jardim da Colina.

São Caetano

Carolina Contessotto Cappellete, 91. Natural de Botucatu (São Paulo). Residia no bairro Mauá, em São Caetano. Dia 11. Cemitério das Lágrimas.

Diadema

Antonio Gregório Bispo, 88. Natural do Estado de Minas Gerais. Residia no Jardim Casa Grande, em Diadema. Dia 10, em Santo André. Jardim da Colina.

Mauá

Carmen Martin Gonçalves Marques, 75. Natural de Santo André. Residia no Jardim Sonia Maria, em Mauá. Dia 11. Memorial Jardim Santo André.

Ribeirão Pires

Marina Josefa Ribeiro, 92. Natural de Paranatama (Pernambuco). Residia no Distrito de Ouro Fino, em Ribeirão Pires. Dia 10. Cemitério São José.

Mais informações sobre o obituário no https://www.dgabc.com.br/Colunas/Home
 




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