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MP-SP investiga dono de escola em Santo André por crime de homofobia

Áudio de reunião com pais de alunos tem gerado críticas e mobilização no colégio

Arthur Gandini
Especial para o Diário
11/11/2021 | 00:01
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Claudinei Plaza/ DGABC

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O MP-SP (Ministério Público de São Paulo) recebeu pedido de investigação de crime de homofobia contra Daniel Contro, proprietário e diretor-geral do Colégio Liceu Jardim, em Santo André. O Diário mostrou ontem que declarações dadas em reunião com pais de alunos, no último dia 3, têm sido apontadas por parte da comunidade escolar como homofóbicas.

Desde junho de 2019, após decisão do STF (SupremoTribunal Federal), o preconceito contra pessoas LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais,Transexuais,Travestis,Queer,Intersexo e Assexuais) passou a ser considerado crime, com a pena de reclusão de um a três anos, além de multa. Os documentos e informações do requerimento estão sendo analisados pela promotora criminal de Santo André, Selma Iamani Bastos Pereira.O pedido foi feito pelo vereador de Santo André Ricardo Alvarez (Psol), e pelo seu correligionário, o deputado federal Ivan Valente.

Pais de estudantes do colégio têm se mobilizado em defesa do diretor. Até a noite de ontem, havia grupo no WhatsApp e outro no Telegram com, respectivamente, aomenos 189 e 115 partipantes. Circulava nas plataformas abaixo-assinado com ao menos 289 assinaturas em apoio ao dono da escola. O grupo no Telegram tem organizado boicote contra o perfil no Instagram Régua Enem, responsável pela divulgação do áudio da reunião. Pais de alunos têm denunciado o perfil na rede social. O proprietário da página no Instagram, Mateus Prado, tem recebido xingamentos dos apoiadores do diretor por meio de mensagens privadas no perfil.

Já um aluno relatou à equipe de reportagem que haverá mobilização hoje na escola contra a discriminação de pessoas LGBTQIA+. Ele preferiu não dar detalhes sobre o que irá ocorrer com receio de represálias por parte da direção.

DECLARAÇÕES

Na reunião com pais de alunos, Contro citou a homossexualidade e disse que “isso não será admitido como normal” na escola. Criticou que relações homo afetivas têm sido vistas como algo “natural” e citou o tratamento dado pela Rússia, China e Irã à união de pessoas LGBTQIA+.

O diretor-geral da escola afirma que recebeu com tranquilidade a informação do pedido de investigação feito ao MP-SP.

Questionado novamente pelo Diário em relação às declarações, Contro afirmou que a fala sobre a não admissão da escola tinha relação com a existência de banheiros que possam ser utilizados por quaisquer pessoas. Também afirmou que citou os países com o intuito de criticar a intolerância com pessoas LGBTQIA+. Contro também criticou discurso do presidente da Russia, Vladimir Putin, contra a união gay, citado por ele no encontro.

O vídeo com o discurso também havia sido publicado pelo diretor em seu perfil no Instagram e foi excluído após a repercussão da reunião. “Eu tinha postado para guardar, eu queria estudar melhor. Estava procurando isso (o assunto) no YouTube e o aplicativo foi me sugerindo alguns vídeos”, justifica.




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