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Aposentados voltam a protestar contra fim do passe livre em SBC
Eduardo Merli
Do Diário do Grande ABC
29/10/2003 | 21:10
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Cerca de 300 aposentados e pensionistas realizaram nesta quarta-feira uma passeata pelas ruas de São Bernardo para protestar contra a lei municipal que retirou o benefício da gratuidade no transporte coletivo para os aposentados, pensionistas e deficientes físicos que tenham renda individual superior a dois salários mínimos (a lei, acatando a Constituição, não tira o benefício de idosos com mais de 65 anos).

A manifestação terminou com um protesto na Câmara Municipal, onde os aposentados vaiaram os vereadores da base do governo. Os 16 parlamentares da sustentação aprovaram a alteração na lei antiga, que garantia o passe livre para todos os aposentados maiores de 60 anos.

O presidente da Câmara, Laurentino Hilário (PSDB), recebeu dos manifestantes um abaixo-assinado com seis mil assinaturas, o qual pedia a revogação da atual lei municipal. “No momento, a Prefeitura faz o recadastramento das carteirinhas (que permite o passe livre). O Maciel (Carlos, secretário de Assuntos Jurídicos) disse que o processo de negociação com o movimento e bancada de sustentação se dará após o recadastramento, para se achar uma saída”, afirmou.

Sofrimento – Mercedez Martins, 60 anos, está aposentada há oito anos e ganha cerca de R$ 700 por mês. O dinheiro, segundo ela, é todo gasto com o plano de saúde, remédios e com o sustento da filha desempregada e de seu neto. “Já estou sem dinheiro para tudo isso e, se perder a carteirinha do ônibus para ir ao médico ou fazer compras, vou ter de ficar em casa, presa mesmo”, disse. O aposentado Manoel Leopoldo, 60, disse que não será afetado pela nova lei porque ganha R$ 240 por mês, mas se juntou ao coro dos insatisfeitos com os vereadores e prefeito. “O que você faz com R$ 480? Trabalhei 39 anos na minha vida para ver isso?”

A pensionista Lurdes de Faria, 57 anos, recebe R$ 1 mil por mês e foi nesta quarta-feira ao Legislativo para reivindicar os direitos perdidos. Lurdes alegou que seu salário é todo gasto para manter sua compra mensal de remédios para asma, artrite e osteoporose, convênio médico e despesas da casa, além do filho e da filha. “O marido dela (filha) está desempregado e tenho de ajudá-la.” Para ela, o ônibus gratuito para o aposentado não devia ser cortado, independentemente da faixa salarial. “Quem tem dinheiro sobrando não anda de ônibus, porque não quer desconforto”, disse.




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