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'Sábado, Domingo e Segunda' reúne família Goulart no palco
Mauro Fernando
Do Diário do Grande ABC
27/10/2003 | 18:46
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Uma família faz uma declaração de amor ao teatro. Paulo Goulart, Nicette Bruno, Barbara Bruno, Paulo Goulart Filho e Vanessa Goulart estão em cena com Sábado, Domingo e Segunda. A comédia de Eduardo de Filippo (1900-1984) fica em cartaz no Teatro das Artes, em São Paulo, até 21 de dezembro. As três gerações – Vanessa é filha de Barbara e, portanto, neta de Paulo e Nicette – dividem o tablado interpretando membros de uma família napolitana.

Paulo, no teatro desde 1952, aponta a diferença fundamental entre as duas famílias: “À do espetáculo falta diálogo. Hoje, mais do que nunca, é preciso dialogar para que a convivência se mantenha saudável”. Os dois se casaram em 1954, após dois anos de namoro – conheceram-se quando Paulo fez o teste que o levou a estrear no palco. Nicette é dois dias mais velha – ambos estão com 70 anos.

Para Nicette, que estreou profissionalmente no teatro em 1947 na companhia da atriz e encenadora Dulcina de Moraes (na época o maior nome do teatro nacional), as duas famílias se parecem “no sentimento”. “As duas têm muitas emoções e as vivem intensamente. Mas reagem de forma diferente, nós somos mais suaves”, diz.

Decididas a fazer da arte da interpretação sua profissão de fé, as três gerações dos Miessa (sobrenome de Paulo) vêem o teatro com sutis divergências, resultantes de experiências de vida diferentes. Vanessa, de 28 anos, declara-se apaixonada pelo palco: “E estamos unidos na mesma paixão”.

“Quando se escolhe uma profissão o primeiro impulso é a paixão, o fascínio. Depois, com a vivência, vem o amor. O que me move é o amor pelo que faço. Ninguém é feliz fazendo o que não gosta”, afirma Barbara, que nasceu em 1956 e é a mais velha dos três filhos de Paulo e Nicette – Beth Goulart é a do meio.

Para Nicette, as coisas surgiram naturalmente. “Já nasci num ambiente em que se respirava arte, havia artistas amadores na minha família. Quando eu era menina, fazia parte da educação da mulher aprender piano, balé, declamação. Com Dulcina, confirmei o entusiasmo que já tinha. Sou uma idealista, uma sonhadora”, diz.

Paulo é o mais eloqüente: “O teatro é o ar que respiro e o pão do qual me alimento. Às vezes o ar é puro, às vezes cheio de ácaro. Às vezes o pão é fresco, às vezes adormecido. Mas convivo bem com qualquer ar e com qualquer pão. O teatro nos ensinou a vivenciar o individual e o coletivo”.

O papel do teatro, para Nicette, é “promover o ser humano”. Paulo vai um pouco além: “Enquanto existirem a palavra e incertezas sobre a vida, o teatro não morrerá”. “Enquanto houver uma idéia”, complementa Nicette. “Enquanto houver sociedade”, define Barbara.

É possível viver de teatro? “Há colegas que vivem, como Francarlos Reis”, afirma Nicette. “Sim, se se ampliar a condição de trabalho. Não dá para ser só ator, tem de ser também produtor, diretor. Como disse (o dramaturgo) Anton Tchecov (1860-1904), é preciso resistir”, afirma Barbara.




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