Chamas da Vida tem esquentado o horário das 22h na Record. Sem economizar nas cenas sensuais e de ação, a trama se desenvolve de forma ágil e coerente. Os protagonistas Juliana Silveira, Leonardo Brício, Amandha Lee e Dado Dolabella volta e meia aparecem usando pouca - ou nenhuma - roupa. Mas isso não chega a limitar a história a algo sem graça ou protocolar. O texto de Cristianne Fridman é convincente e parece fluir bem na boca dos atores, que também não fazem feio.

Juliana Silveira se destaca como a mocinha Carolina, uma garota moderna, aparentemente alternativa e com um toque de anti-heroína. A atriz parece ter encontrado o tom de sua personagem desde os primeiros capítulos. Em nenhum momento lembra a ingênua Maria Flor, personagem de Floribella - novela infantil produzida pela Band em 2005 -, sua personagem mais marcante até então.

Clichês e ousadia se intercalam desde a estréia da novela e resultam num equilíbrio interessante. Nos primeiros capítulos, o bombeiro Pedro, interpretado por Leonardo Brício, salva Carolina de um incêndio. Uma enorme explosão acontece. O mocinho aparece com a mocinha desacordada nos braços andando para fora da construção em chamas. Tudo gravado tradicionalmente em câmera lenta. No entanto, em outro momento, a mesma mocinha diz para a antagonista "dormi com seu namorado, sim. E foi gostoso!", quebrando o paradigma.

O fato de a novela ser claramente temática parece ser uma aposta perigosa, já que não dá muita opção para quem vê: ou se interessa pela piromania dos personagens. Ou debanda para outro canal. No entanto, a estratégia funcionou. Chamas da Vida mantém uma média de 15 pontos no Ibope - após perder um pouco da audiência para a reprise de Pantanal, exibida pelo SBT -, mais ou menos o mesmo que Os Mutantes, um dos maiores sucessos da emissora.

Chamas é uma novela bem feita. Texto, direção, elenco, tudo está no lugar. Exceto, talvez, as intermináveis tomadas em câmera lenta, que às vezes chegam a cansar. No mais, o telespectador pode se divertir com as muitas explosões - pirotécnicas - que acontecem o tempo todo.