O último testamento elaborado pelo tenor italiano Luciano Pavarotti, falecido no dia 6 de setembro, priva as três filhas do primeiro casamento do artista de parte importante da herança, uma decisão que está provocando uma grande divisão na família.

Segundo a imprensa italiana, o testamento redigido no dia 29 de julho, cinco semanas antes de sua morte, foi aberto na segunda-feira a pedido dos advogados de sua segunda esposa, Nicoletta Mantovani.

Dois testamentos- Enquanto no primeiro testamento, elaborado em 13 de junho, o tenor determinava a distribuição eqüitativa de seus bens entre as três filhas do primeiro matrimônio, a segunda esposa e sua pequena filha de quatro anos, no segundo introduz uma claúsula sobre o importante patrimônio imobiliário que possui em Nova York.

No último documento, Pavarotti designa Mantovani, 30 anos mais jovem que ele, como a única herdeira dos três apartamentos que possui na elegante zona do Central Park, assim como da coleção de obras de arte que deixou tanto na Itália como nos Estados Unidos e que inclui, entre outros, quadros de Matisse.

A imprensa calcula que este patrimônio tem um valor de quase 15 milhões de euros e que foi criado um "trust", uma fórmula jurídica usada nos Estados Unidos para regulamentar as sucessões, para evitar que seja dividido com as três filhas do primeiro casamento: Lorenza, Cristina e Giuliana Pavarotti.

Surpresa- "A notícia nos surpreende", declarou ao jornal La Repubblica Fabrizio Corsini, advogado das três filhas. "Vamos verificar os dados, a data de criação do trust. Pediremos que se faça uma estimativa de todo patrimônio de Pavarotti, inclusive de suas propriedades nos Estados Unidos", anunciou.

"Para nós o testamento válido determinava para cada filha a cota legal prevista pela lei e nomeava Nicoletta Mantovani como herdeira universal, concedendo ainda a cota disponível. Uma decisão que as filhas haviam aceitado com serenidade". O advogado disse ainda que se o segundo testamento prejudicar as herdeiras, tomará as decisões correspondentes.

O valor exato da herança de Pavarotti não é conhecido. Segundo a imprensa, o tenor, que vendeu mais de 100 milhões de discos e era proprietário de vários imóveis em todo o mundo, tanto na Itália como nos Estados Unidos e Mônaco, tinha uma fortuna entre 30 e 200 milhões de euros.

O cantor foi diagnosticado em meados de 2006 com câncer de pâncreas e faleceu no último dia 6, aos 71 anos de idade.