Nos dois últimos anos, o Brasil tem sido a maior base para os hackers da Internet, de acordo com a mi2g Intelligence Unit, uma empresa de consultoria de risco digital de Londres. No ano passado, os dez grupos mais ativos de vândalos e criminosos da Internet do mundo eram brasileiros, de acordo com a mi2g, e incluíam sindicatos com nomes como Quebrando seu Sistema, Inferno Virtual e Observando sua Administração. Até agora, quase 96 mil ataques pela Internet – aqueles que são reportados, confirmados ou testemunhados – foram rastreados ao Brasil. O número foi seis vezes o de ataques reportados pelo segundo colocado, a Turquia, reportou a mi2g no mês passado.
Já sobrecarregada em sua luta para conter crimes em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, a polícia vem tendo dificuldade para acompanhar o ritmo dos sindicatos de hackers. Os 20 policiais que trabalham na divisão de crime eletrônico da polícia de São Paulo prendem cerca de 40 suspeitos de crimes virtuais por mês. Mas eles só representam uma fração do crescente número de crimes virtuais em São Paulo, a capital econômica do Brasil, segundo Ronaldo Tossunian, vice-representante do departamento.
O esforço do departamento em São Paulo não é ajudado por uma vaga legislação que data de 1988, bem antes da maior parte dos brasileiros terem ouvido falar da Internet. Sob essa lei, os policiais não podem prender um hacker por invadir um site, ou distribuir um vírus, a menos que possam provar que a ação resultou em um crime. “Não temos uma lei específica para esses crimes, como nos EUA e na Europa”, disse Tossunian. “ Só entrar em um sistema não justifica uma prisão, o que significa que não há um impedimento.”
“Por que os hackers brasileiros são tão poderosos?. Porque eles têm pouco para temer legalmente”, diz Assunção, acrescentando que os hackers do país são sociáveis, e compartilham mais informação que os hackers de países desenvolvidos. “É uma coisa cultural. Eu não vejo os hackers norte-americanos tão dispostos a compartilharem suas informações.”
Apesar de o preço para se ter um computador ser uma forma de limitação para a maior parte da população no país, obter informações sobre as ações dos hackers é simples. A revista de hackers H4ck3r, disponível nas bancas de todo o país, vende cerca de 20 mil cópias por mês. Alessio Fon Melozo, o diretor editorial da Digerati, que publica a revista, rejeitou qualquer sugestão de que a H4ck3r ensina os brasileiros a cometerem crimes virtuais. “Há uma linha muito fina, eu sei. Mas o que nos guia é o princípio da informação, educar nossos leitores de uma forma responsável”.
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