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Ladrões roubam figurinhas da Copa em Sto.André
Renato Castroneves
Especial para o Diário
23/04/2010 | 08:03
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Febre entre crianças, jovens e adultos, as figurinhas oficiais da Copa do Mundo saíram dos álbuns dos colecionadores do Grande ABC e migraram para o noticiário policial. Anteontem, cinco assaltantes armados invadiram a distribuidora Treelog, no bairro Casa Branca, em Santo André, e roubaram mais de 675 mil cromos. A carga foi avaliada em R$ 101.287.

O crime aconteceu por volta das 23h30, quando os bandidos mantiveram 30 funcionários da empresa rendidos durante meia hora. Os criminosos ainda levaram dois celulares e o carro de um comprador. O veículo foi localizado pela polícia.

A carga roubada estava separada em 135 caixas, com 1.000 pacotes por unidade. Cada envelope com cinco figurinhas é vendido por R$ 0,75. Os cromos, que seriam entregues aos postos de venda na manhã de ontem, poderiam completar 1.058 álbuns.

Para o presidente do Sindicato dos Proprietários de Bancas de Jornais e Revistas e Revistarias do ABCDMRR, Argeu Souza, 62, o roubo deverá prejudicar as vendas nas bancas da região. "Vai ser muito difícil repor essa quantidade de figurinhas em pouco tempo. A procura (pelos cromos) nas bancas está muito acima do esperado", afirmou.

INVESTIGAÇÃO - O delegado titular do 1º Distrito Policial de Santo André, Lupércio Antonio Dimov, mostrou-se surpreso com o tipo de produto roubado pelos assaltantes. "Ainda não sei como o esquema do comércio (paralelo) de figurinhas funciona, mas acredito que o produto poderá ser revendido para os jornaleiros da região", disse Dimov. Informações ou pistas sobre o caso podem ser passadas anonimamente pelo telefone 4438-1179.

Na Itália, polícia descobriu esquema de falsificação

Reportagem do jornal inglês The Guardian publicada pelo Estado de S.Paulo no fim de março mostrou um esquema de figurinhas piratas que funcionava na Itália. Segundo as informações publicadas, a polícia fiscal de Latina, ao Sul de Roma, apreendeu 20 mil cromos falsos com caras de jogadores de futebol.

A irregularidade foi descoberta pelos aficionados, que perceberam ligeira modificação no nome do patrocinador da camisa do atacante brasileiro Alexandre Pato, do Milan.

Um distribuidor e donos de comércios que vendem as figurinhas são investigados. "É possível que seja apenas a ponta do iceberg, uma parte de um esquema criminoso que vai muito além de Latina", disse um policial ao jornal britânico. A empresa italiana Panini, a mesma que fabrica as figurinhas no Brasil, informou que nunca registrou falsificação tão perfeita em seus 50 anos.

Produto já está em falta nas bancas de jornal da região

Comprar envelopes de figurinhas da Copa do Mundo nas bancas de jornais e revistas da região é considerado missão impossível. A forte demanda pelos cromos deste álbum e o roubo da última remessa que abasteceria as sete cidades são as principais causas da falta.

A reportagem do Diário conversou com 15 proprietários de bancas na região ontem. Do total, 12 estavam sem o produto e três com os estoques reduzidos.

"A entrega é feita a cada dois dias. Todas (as figurinhas) que chegam na banca acabam antes do meio-dia", contou o jornaleiro Lourival Freire da Silva, 60 anos. O comerciante vende cerca de 800 envelopes por dia.

Segundo o presidente do sindicato dos jornaleiros, Argeu Souza, a quantidade de cromos entregue pela Editora Panini não é suficiente para a abastecer o mercado local. "Precisaríamos de, no mínimo, o dobro do que estão mandando", afirmou.

Maior ponto de venda da região, a Super Banca, em Santo André, já comercializou cerca de 50 mil envelopes, ou 250 mil figurinhas da Copa do Mundo, desde que o álbum foi lançado, há 12 dias. O médico Carlos Henrique Tardini, 39, saiu de lá frustrado com a falta do produto ontem. "Meus três filhos estão esperando eu chegar com as figurinhas. Vou rodar a cidade para comprar senão eles me matam."

Professor usa intervalo para trocar cromos com os alunos        

Quando acaba a aula e toca o sinal do intervalo no Colégio Objetivo de São Caetano, o professor de Biologia José Carlos Soto Ribeiro, ou Zeca, 29 anos, se mistura aos alunos para a troca de figurinhas. Apaixonado pelos álbuns sobre futebol - tem todos completos desde a Copa do Mundo de 1994 - o professor lidera a turma dos Loucos por Copa na unidade de ensino.

"Sou doido pelos álbuns desde criança. Até hoje tenho o mesmo entusiasmo daquela época", afirmou.

Considerado autoridade no assunto entre os estudantes, Zeca criou uma série de regras para a troca dos cromos na escola. O professor explicou que, uma figurinha prateada (unidade especial e rara entre os colecionadores) vale o mesmo que cinco normais. "Fiz isso para que os alunos mais velhos não tentem enganar os menores", explicou, contando que "nove entre dez alunos do colégio, inclusive as meninas" estão empenhados na coleção dos cromos.

A movimentação ao redor dos envelopes criou até dívidas para Zeca: "Estou devendo sete pacotinhos para um aluno que me vendeu 35 figurinhas", contou. Outros sete educadores também participam da mania da Copa. "Por causa das figurinhas, estamos cada vez mais próximos das crianças."




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