Aos 13 anos, Fadinha entrou para a história ao subir ao pódio de Tóquio na estreia do esporte
A jovem skatista Rayssa Leal emocionou o Brasil ao conquistar, na madrugada de ontem, a medalha de prata da categoria street nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Aos 13 anos, a Fadinha, como é conhecida, desbancou algumas favoritas – inclusive as compatriotas Pamela Rosa e Letícia Bufoni, que acabaram fora da final – para subir ao pódio, encantar e incentivar meninas de todo o País a praticarem o esporte com o sonho de representar a Nação em uma Olimpíada.
No Grande ABC, jovens skatistas contemporâneas à medalhista olímpica exaltaram a conquista da Fadinha. “Fiquei muito feliz por ela. Que essa medalha possa inspirar outras meninas e mostrar que todos podem ter a mesma oportunidade, basta se dedicar. Quando a gente gosta do que faz tudo acontece. Já encontrei ela (Rayssa) em alguns campeonatos e fiquei muito feliz por ela”, afirma Luiza Gama, 10, de Rio Grande da Serra.
“Assisti e estava superemocionante. Gostaria que tivesse sido ouro, prata e bronze (risos), todas andaram muito, mas infelizmente duas ficaram de fora da final. Mas Rayssa representou o Brasil. A importância dessa medalha para o skate feminino no Brasil é muito grande, o skate vai ser visto como um esporte em que ambos os gêneros podem praticar sem sofrer qualquer tipo de preconceito. Vai aumentar muito o número de meninas no esporte”, acredita Victoria Bassi, 14, de Ribeirão Pires, que integra a Seleção e tentou a vaga olímpica. “Lutei muito para conseguir, mas, infelizmente, no último campeonato sofri uma lesão e não consegui competir 100% confiante. Mas estou superansiosa para lutar pela próxima Olimpíada, em Paris (2024)”, projeta.
Marina Iachelli, 14, estava ontem na pista do Parque da Juventude, em São Bernardo, praticando a modalidade e falou sobre o feito da Fadinha, que já desfilou sua habilidade no local. “É incrível como alguém tão jovem, como a Rayssa, pôde conquistar o pódio; ela fez incrível. Além de incentivar vários outros jovens. Muitas pessoas irão se inspirar na Rayssa, darão tudo de si para conseguir um espaço na Olimpíada de 2024 e conquistar o pódio.”
CRESCIMENTO
Skatista profissional e professor, Vanderley Arame afirma que o interesse de crianças pelo skate vem crescendo muito desde que a modalidade passou a integrar o programa olímpico; Tóquio está recebendo pela primeira vez a modalidade. “Estamos percebendo que depois que virou olímpico cresceu bastante a procura de pais e mães querendo tirar a criança do celular para praticar um esporte. Então vai abrir bastante porta para a gente”, disse Arame, que dá aulas em São Caetano.
Ainda segundo ele, o interesse feminino já é grande e a tendência é que aumente ainda mais. “Tem crescido bastante a procura. De dez crianças que procuram, cinco ou até mais são meninas, então o skate feminino está ficando muito forte no Brasil. E acredito que a partir de agora vai começar a dar mais atenção para nós.”
Vanderley Arame ainda espera que a conquista de Rayssa Leal possa voltar os olhos do poder público para o skate, marginalizado por tantos anos. “Essa medalha representa muito. É importante para daqui em diante levar o skate a sério. Sem desmerecer como esporte de maloqueiro, como era considerado antigamente. É para acordar e ver que a gente está aí. Não temos centro de treinamento de skate no Brasil, investimento, então é pela raça das meninas chegar neste nível e trazer uma medalha. É muito amor e dedicação”, concluiu.
Vice-campeã olímpica ressalta apoio do pai e da mãe na carreira
Rayssa Leal está em êxtase. A skatista de apenas 13 anos, seis meses e 21 dias, se tornou a mais jovem atleta do Brasil, entre homens e mulheres, a conquistar uma medalha nos Jogos Olímpicos, superando a marca que pertencia a Rosângela Santos, do 4x100 m do atletismo, bronze aos 17 anos, em 2008. Após subir no pódio, ela fez questão de lembrar o apoio que recebeu do pai e da mãe para fazer a história com tão pouca idade e deixou uma mensagem de inspiração.
“Se você pode sonhar, você pode realizar. Não desista dos seus sonhos, persista que tudo vai dar certo”, destacou a skatista, em entrevista à TV Globo. “Não consigo explicar a sensação de estar aqui realizando meu sonho e de toda a minha família. Meu pai e minha mãe estiveram nos piores e melhores momentos. É muito gratificante todo o esforço que eles fizeram. Essa medalha é muito especial para mim”, festejou.
A Fadinha, como ficou conhecida por andar de skate fantasiada quanto tinha somente 6 anos, chegou a ouvir que skate não era um esporte para meninas. A sua prata em Tóquio reforça que não há espaço para preconceitos no skate, um esporte democrático e que, em sua estreia no programa olímpico, já garantiu duas medalhas ao Brasil. No domingo, Kelvin Hoefler conquistou a prata no street masculino. “É muito louco. Saber que no início só minha mãe e meu pai me apoiavam e saíam com a cara e coragem para eu poder estar aqui. Skate é, sim, para todo mundo, assim como qualquer esporte, como futebol e handebol. Muita gente fala que handebol é só para meninas. É para todos e skate não é só para meninos”, ressaltou a vice-campeã olímpica.
VÔLEI
A Seleção Brasileira masculina de vôlei teve que mostrar garra e superação ontem para vencer pela segunda vez nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Após perder os dois primeiros sets, o time comandado pelo técnico Renan Dal Zotto reagiu e mostrou força para derrotar de virada a Argentina por 3 sets a 2, com parciais 19/25, 21/25, 25/16, 25/21 e 16/14, pelo Grupo B.
FUTEBOL FEMININO
O Brasil mede forças com a Zâmbia, às 8h30, para definir sua classificação à segunda fase da Olimpíada no futebol feminino. Empate é suficiente para as brasileiras
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