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Terceira via precisa vir por agenda, sem impor um nome, afirma Rebelo

Ex-ministro avalia que alternativa eleitoral tem chance de quebrar polarização em 2022 ao capitalizar plano de crescimento do País pós-pandemia

Fabio Martins
18/07/2021 | 07:01
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Ex-ministro e ex-deputado federal, Aldo Rebelo (sem partido) sustentou que é crível a formação de terceira via para quebrar a polarização no processo eleitoral de 2022, entre o atual presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em entrevista ao Diário, o ex-parlamentar considerou que essa opção não se resume a um nome, mas sim a uma agenda. “Existe, é possível. Esse campo não tem um nome, tem as ideias em gestação. Retomar o crescimento da economia, valorizando o papel do Estado e do mercado, eu creio que é agenda que reúne muita gente. Não é a agenda nem do governo nem da oposição.” Ele frisou que os dois polos vão “continuar alimentando naturalmente” a briga, uma vez que “é aposta (eleitoral) que ambos fazem”.

A mais recente pesquisa Datafolha, divulgada há duas semanas pelo jornal Folha de S.Paulo, mostra Lula com 46% de intenções de voto, contra 25% de Bolsonaro. O mais bem posicionado depois da dupla é Ciro Gomes (PDT), com somente 8%. O governador João Doria (PSDB), que deve disputar prévias internas para ser o presidenciável tucano, foi citado por 5%. O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM), por 4%.

Rebelo pontuou que a viabilidade irá sobrevir a quem conseguir capitalizar plano de retomada do crescimento pós-pandemia. Para ele, ao que tudo indica, a agenda do governo e do PT ficará concentrada na pauta identitária. “A agenda dos costumes, a agenda das coisas dos indivíduos, e não das coisas do País. É coisa do gênero, coisa de raça, é isso que alimenta essa polêmica entre uma parte da oposição e do governo, essa agenda do comportamento, não é a agenda nacional. Então, existe um universo muito amplo do trabalhador, empresário, agricultores, acadêmicos, da classe média – essa agenda interessa a muita gente, assim como da redução das desigualdades e elevar o padrão de vida, por óbvio. E a agenda da democracia, tirando os extremos. Os extremistas acham que podem impor a solução goela abaixo. Não existe solução para o Brasil que não seja solução discutida, debatida, negociada.”

O político foi presidente da Câmara Federal e ministro-chefe da Secretaria de Coordenação Política e Relações Institucionais durante o mandato de Lula. Ainda assim, o ex-filiado ao PCdoB, PSB e Solidariedade teceu críticas ao fato de o petista se apresentrar novamente, dizendo ser necessária a apresentação de alternativas ao País. “Lula tem que ser julgado pela sua trajetória e história. Que governo Lula fez? Lula fez um governo com a agenda social do PT, a agenda ambiental das ONGs e a agenda econômica do PSDB. A minha impressão é que isso não resolve mais o problema do Brasil. Isso é uma agenda que imobiliza o País, é a agenda da paralisia. É uma agenda da conciliação, muito bonita, mas que não vai resolver nada. Essa agenda, por exemplo, não retoma o crescimento do País.”

Rebelo participou de sua última eleição, nas urnas, em 2010, quando se reelegeu deputado federal. Mas, naquele mandato, optou por exercer funções no governo de Dilma Rousseff (PT), como ministro do Esporte e, depois, de Ciência e Tecnologia. Com o impeachment da petista, se afastou do PT e seu último cargo público foi como secretário da Casa Civil do Estado de São Paulo no mandato de Márcio França (PSB), entre abril de 2018 e dezembro daquele ano. Ele não desconsidera ser candidato no pleito do ano que vem, em que pese esteja hoje sem filiação partidária. “Estou analisando as possibilidades de uma candidatura, mas isso é projeto coletivo. Nunca resolve isso individualmente”, comentou o ex-deputado, que até tergiversou sobre se estará no campo da direita ou da esquerda.

O ex-ministro lançou recentemente o livro O Quinto Movimento: Propostas Para uma Construção Inacabada (Ed.Já, R$ 35), obra na qual ele traça uma reflexão sobre o passado e desenha quais passos o País precisa dar para o futuro. 




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