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Pacientes com diabete aguardam
há meses por entrega de insulina

Remédios estão em falta nas farmácias de alto custo; Estado diz que não recebe quantidade correta do Ministério da Saúde

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
14/07/2021 | 00:01
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Celso Luiz/DGABC


Moradores do Grande ABC que são diabéticos e usam insulina retirada nas farmácias de alto custo da região estão sem ter acesso à medicação há vários meses. Alguns pacientes aguardam desde abril pelo remédio, essencial para o tratamento da doença. A Adiabc (Associação de Diabetes do ABC), instituição que conta com mais de 400 associados, tem realizado doações para suprir a demanda das famílias, mas teme que se o desabastecimento persistir, as pessoas fiquem desassistidas.

“Desde o início do ano, medicamentos e insumos estão em falta em todas as farmácias de alto custo do Grande ABC. E ninguém nos dá uma previsão de quando isso será resolvido”, afirmou a comerciante autônoma Renilzete Teles do Rosário, 48 anos, que mora em Mauá e desde maio não consegue retirar a insulina que a filha Ana Carolina Teles Sevilha, 16, usa, por meio de uma bomba, dispositivo que libera a substância o dia todo no organismo. “A associação é quem tem nos ajudado”, afirmou Renilzete.

Os dois filhos da dona de casa Elaine Barbosa da Silva, 37, moradora de Diadema, também precisam da medicação que está em falta. Vinícius Barbosa Leal, 15, e Marcelo Gomes Barbosa, 13, fazem uso da insulina injetável e eles também têm utilizado o que a mãe consegue de doação. “Pedem para a gente mandar e-mail cobrando uma posição, mas ninguém sabe dar previsão de quando a situação vai ser regularizada”, afirmou Elaine.

A dona de casa destacou que nos meses em que a medicação está disponível, a burocracia é enorme e qualquer problema que houver com as receitas, ou falta de relatórios, os produtos não são entregues. “E quando o problema é com eles, a gente fica sem uma posição. Para quem exige tanto, eles deveriam nos atender de uma forma melhor”, completou Elaine.

Moradora de São Bernardo, a professora de balé Bruna Martins Belo Cabral, 24, também usa bomba de insulina e não consegue retirar o  medicamento. “Algumas pessoas precisam dessa medicação para ter mais qualidade de vida. São remédios caros e a gente tem tido muita dificuldade para manter o tratamento”, explicou.

A Secretaria de Saúde do Estado afirmou que os pacientes Vinicius e Marcelo retiraram a medicação e as agulhas para caneta aplicadora de insulina, conforme previsto em seus cadastros. A mãe dos adolescentes informou que a insulina asparte, que eles também usam, não é entregue desde abril. A pasta afirmou que não foram localizados os cadastros dos outros pacientes. 

Segundo o governo estadual, é o Ministério da Saúde o responsável pela compra e repasse da insulina asparte, porém, a pasta tem falhado com prazos e quantidades e enviou somente 19% do quantitativo necessário para o trimestre (20,8 mil das 104,5 mil), que chegou ao Estado apenas na quinta-feira passada, dia 8 de julho, embora o prazo de entrega fosse 20 de junho, conforme portaria federal. 

Ainda de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, a defasagem tem sido constante neste ano. No segundo trimestre, a pasta solicitou 62,4 mil unidades, mas apenas 1.900 foram entregues, o que equivale a 3% do quantitativo solicitado. A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo afirma que tem cobrado o ministério quanto ao recebimento regular para continuidade da assistência aos pacientes.

Procurado, o Ministério da Saúde não retornou até o fechamento desta edição.
 




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