O grito “olha o rapa!” significa ruas vazias e gente correndo para todos os lados. Na gíria popular, rapa é o fiscal caçador de camelôs, o inimigo número um da economia informal. Já O Rappa, em caixa alta e duplo ‘p’, quer dizer pistas cheias de gente. É o nome que leva a banda carioca que, em 11 anos de carreira, se tornou uma unanimidade nacional. Em primeiro lugar, porque faz boa música. Mas também porque mantém uma postura decente, que foge dos protótipos do rockstar atual. Suas ambições vão além de gravar e vender discos: a banda quer viver num mundo melhor e, para isso, desenvolve e apóia projetos sociais sérios, compõe letras politizadas e coloca a boca no mundo para defender uma causa que julga justa.

O Silêncio que Precede o Esporro, o último CD, lançado em novembro do ano passado, foi um marco para o quarteto liderado hoje por Falcão, que assumiu a posição natural de um vocalista depois da saída de Marcelo Yuka, o principal letrista da banda. “É o disco que queríamos, reflexo do que gostamos de ouvir na atualidade”, disse Falcão em entrevista ao Diário, à época do lançamento do álbum. “Lavamos muita roupa suja. Depois que nos resolvemos com o Yuka, agora é o nosso Rappa”.

A fase ‘volta por cima’ não poderia ser melhor para Falcão, Xandão (guitarra), Lauro Farias (baixo) e Marcelo Lobato (teclados e bateria). O Silêncio que Precede o Esporro, elogiadíssimo pela crítica, já vendeu 130 mil cópias e conquistou o disco de ouro (100 mil cópias) em menos de 30 dias de vendas. Foi uma ousadia da banda adotar uma postura inovadora de promoção. Na ocasião do lançamento do CD – que, normalmente, acontecem em hotéis de luxo –, o grupo recebeu os jornalistas num bar no bairro Tanque, Zona Oeste do Rio.

E as coisas não param de acontecer. Em breve, O Rappa lança seu primeiro DVD, que toma forma pelas mãos dos sócios da Fuzo Produções, Bernardo Palmiro, Pedro Serra e Gian Carlo Belloti (leia reportagem ao lado). Antes de a novidade chegar às prateleiras – na primeira quinzena de abril – Falcão e companhia embarcam em sua primeira turnê para os Estados Unidos, onde ficam de 25 deste mês a 4 de abril. Sim, voltam a tempo de divulgar o DVD.

E haja fôlego. Eles falaram com entusiasmo sobre a viagem para Penélope e Léo Madeira no programa Pulso MTV da semana passada. “Eu não sei o roteiro, mas sei que vamos passar por todas as cidades importantes”, disse Falcão. O objetivo é se apresentar para os fãs brasileiros que vivem nos Estados Unidos. Talvez por isso a agenda internacional comece em San Diego, na Califórnia, cidade onde moram cerca de 50 mil brasileiros.

De lá, o quarteto segue para São Francisco, onde tocam na badalada casa noturna The Factory. A turnê continua ainda por Los Angeles, Boston, Nova York, Miami, Atlanta, Newark e Hayanis. No Brasil, eles se apresentam em três cidades antes de embarcar para o exterior, encerrando a turnê de O Silêncio por aqui: Juiz de Fora (MG), no dia 18; Belo Horizonte (MG), no dia 19; e na cidade natal, o Rio, no dia 20.