Cultura & Lazer Titulo
Pensamento em dose dupla
Melina Dias
Do Diário do Grande ABC
29/08/2006 | 21:04
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Será em dose dupla a explanação do professor e doutor Ricardo Lísias, que dá seqüência aos Seminários Avançados sobre a Literatura Moderna Latino-Americana, no próximo sábado (dia 2), na Casa da Palavra, em Santo André. Das 14h às 16h, Lísias falará sobre a contribuição do intelectual palestino Edward Said (1935-2003). Depois, até as 18h, o assunto é Octavio Paz (1914-1998).

A abordagem da obra de Said encerraria o bloco de autores pós-modernistas no semestre passado, mas foi cancelada em virtude de jogo da Seleção Brasileira (o texto de apoio sobre Said permanece disponível para consulta no site do Diário). O palestino, por sua incansável reflexão sobre a imagem que o Ocidente teria impingido ao Oriente, faria a ponte para o debate da condição da América Latina.

Seguiu-se um recesso, e Lísias retomou os Seminários com os argentinos Domingo Faustino Sarmiento (1811-1888), José Hernandez (1834-1886) e Jorge Luis Borges (1949-1899).

Nesta semana será a vez do poeta e ensaísta mexicano Octavio Paz. E, como se observou em Borges, teremos um intelectual que questiona a identidade cultural de seu país (inclusive interferindo nela politicamente), sem jamais perder a universalidade.

O Nobel de Literatura de 1999 tem publicado em língua espanhola 25 livros de poesia, quase uma centena de ensaios, além de peças teatrais. Uma confiável fonte de consulta sobre vida e obra de Paz é a Universidade Nacional Autônoma do México pela internet.

Entre as obras disponíveis no Brasil, há livros populares, como Signos em Rotação; há exemplos de sua impressionante capacidade de discorrer em profundidade sobre temas que aparentemente não fariam parte de seu leque de interesses, como o ensaio Marcel Duchamp ou o Castelo da Pureza (editora Perspectiva). E o belo caderno de viagem Vislumbres da Índia (editora Mandarim).

O Nobel viveu e trabalhou em vários países. Em 1938 mudou-se para Paris, onde conviveu com surrealistas e existencialistas. Ocupou cargos na embaixada mexicana na capital francesa (entre 1945 e 1951) e foi embaixador de seu país na Índia (de 1962 a 1968), cargo abandonado por razões políticas.

Um ano antes de morrer, o poeta afirmou em entrevista a uma televisão mexicana que a poesia é a “memória de um povo” e “a memória é criadora e, assim, paradoxo da poesia. Esta é a memória dos povos, mas também aquela parte secreta que, de alguma forma obscura e ambígua, se reflete e perfila o futuro”.

Os Seminários Avançados sobre a Literatura Moderna Latino-Americana são uma iniciativa conjunta da Secretaria de Cultura, Esportes e Lazer de Santo André, da Escola Livre de Literatura, da Casa da Palavra, da Fundação Santo André, com apoio do Diário. Os textos de orientação dos seminários, publicados no jornal impresso, permanecem disponíveis no site do Diário.

Seminários Avançados sobre a Literatura Moderna Latino-Americana – Sábado (dia 2), das 14h às 18h. Na Casa da Palavra – pça. do Carmo, 171, Santo André. Tel.: 4992-7218. Entrada franca.




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