Uma rede social de bairro, que visa melhorar as condições de vida de crianças e adolescentes carentes, está em desenvolvimento na Vila Guiomar, em Santo André. O colégio Pueri Domus, Unidade Jardim, encabeça a iniciativa, que envolve quatro entidades que ficam ao redor da escola: Instituição Assistencial Educacional Amélia Rodrigues, núcleo da Pastoral da Criança da paróquia Santo Antônio, projeto Criança Cidadã, desenvolvido nas dependências do Tiro de Guerra, e Apae (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais).

O colégio lançou, no início deste ano letivo, o projeto Voluntários da Paz, acompanhando o Ano Internacional do Voluntariado, instituído pela ONU (Organização das Nações Unidas). Desde então, campanhas têm sido realizadas para arrecadação de alimentos, brinquedos e outros produtos, distribuídos entre entidades assistenciais da cidade.

A partir deste mês, o projeto começou a trilhar um novo caminho. Além das campanhas, a escola começou a capacitar alunos da 5ªsérie do ensino fundamental à 2ªsérie do ensino médio, por meio de cursos gratuitos, para que se tornem monitores e levem seus conhecimentos a crianças e jovens carentes das instituições. “As campanhas de arrecadação começam e acabam. Não há uma continuidade no trabalho social”, explicou a diretora de ensino do Pueri Domus Jardim, Silmara Rascalha Casadei.

Trezentos alunos se inscreveram, espontaneamente, em dez cursos – teatro, cerâmica, dança, artes plásticas, ecologia, astronomia, robótica, informática, redação e hidroponia. De acordo com Silmara, os cursos acontecerão até agosto, quando os alunos começarão a repassar para crianças e adolescentes carentes o que aprenderam. As aulas serão nas entidades e também nas dependências da escola.

Para iniciar a nova fase do projeto, os alunos do curso de hidroponia doaram, no começo deste mês, 150 pés de alface para o núcleo da Pastoral da Criança da região, produzidos por eles em aulas de hidroponia.

A iniciativa foi aprovada pelos alunos do colégio e pelos responsáveis pelas instituições. Alguns cursos, como de artes plásticas e teatro, têm até fila de espera. “As crianças que não podem pagar por um curso desses também terão oportunidade de aprender”, disse o estudante da 6ªsérie Pedro Bazani Fernandes, 12 anos, que faz o curso de cerâmica.

Para o frei Odair Verussa, do núcleo da Pastoral da Criança da paróquia Santo Antônio, a iniciativa “cria a chave para um mundo melhor”. De acordo com ele, é fundamental o relacionamento entre esses jovens, no sentido de pôr num mesmo objetivo seguimentos diferentes da sociedade. Esse é o principal objetivo do projeto, de acordo com Silmara.