O documentarista Eduardo Coutinho confessou que roubou a idéia de filmar os moradores de um prédio em Copacabana da amiga Consuelo Lins, enquanto andavam juntos pela avenida Atlântica, no Rio. Em seguida, ele apresentou o projeto informalmente ao produtor João Moreira Salles, da Videofilmes, que lhe deu carta branca. Essa é uma pequena história de bastidores de Edifício Master (Brasil, 2002), que estréia nesta sexta em São Paulo. Há outras tantas, que juntas fizeram o vencedor de melhor documentário no Festival de Gramado deste ano.   

Curioso Coutinho escolher o Master como locação pelo síndico, Sergio Carvalho. Ele tinha autoridade para decidir pelos condôminos (adquirida por ter melhorado a reputação do prédio) e, assim, poderia facilitar as filmagens. Começou o penoso trabalho da equipe, que em uma semana teve de tocar 23 campainhas em cada um dos 12 andares (totalizando 276 apartamentos) e esperar a resposta no corredor escuro. Era época de racionamento de energia.   

Edifício Master é um filme sobre histórias de vida. O slogan já diz: “Um filme sobre pessoas como você e eu”. São 37 depoimentos de gente que fala de tudo um pouco: há os desiludidos, os iludidos, os esperançosos, os sinceros, os desamparados, os felizes, os vencedores, os austeros, os desempregados, os tristes, os talentosos, os estrangeiros, os enamorados. É o cinema não-ficcional de Coutinho que, talvez, seja o único documentarista brasileiro com novas propostas da atualidade.