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Jorge muito amado
Dojival Filho
Do Diário do Grande ABC
25/03/2008 | 09:00
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Uma extensa programação cultural idealizada pela editora Companhia das Letras inicia a contagem regressiva para as comemorações do centenário do escritor baiano Jorge Amado. A partir de esta terça-feira, e até 2012, quando o autor completaria 100 anos, a empresa promete a realização de shows, palestras, mostras de fotografia e cinema, além da reedição de toda a obra do gigante da literatura nacional.

Nesta terça-feira, às 20h, no Sesc Pinheiros, em São Paulo, ocorre o tributo Por que Jorge é Amado, que conta com músicos e intelectuais renomados, entre eles Chico Buarque, Caetano Veloso, Mia Couto e Milton Hatoum. Durante o evento, com entrada franca, os convidados farão leituras de obras do homenageado.

No mesmo local, nos dias 27 e 28, sempre às 21h, os irmãos Nana, Dori e Danilo Caymmi realizam um show em homenagem ao escritor, que terá a participação do pianista e arranjador Cristóvão Bastos. Os ingressos vão de R$ 7,50 a R$ 30.

Em outubro, também na Capital, a vida e a obra de Amado serão retratadas em uma exposição fotográfica na unidade paulistana do Instituto Moreira Salles. Outras homenagens foram marcadas no Rio, em Belo Horizonte e em Salvador.

Livros - Jorge Amado lançou 35 livros, que voltarão às prateleiras em edições com modernos projetos gráficos dos artistas Kiko Farkas e Elisa Cardoso, e posfácios inéditos assinados por escritores e intelectuais como Milton Hatoum, Affonso Romano de Sant’Anna e Moacyr Scliar. Seis obras já estão disponíveis no mercado editorial: Dona Flor e seus Dois Maridos; Capitães da Areia; Mar Morto; A Morte e a Morte de Quincas Berro D’água; Tocaia Grande; e o infantil A Bola e o Goleiro.

Ainda em 2008, devem ser relançados clássicos como Gabriela, Cravo e Canela, Tenda dos Milagres e Jubiabá. Além dos romances, livros de memórias e histórias infantis, a Companhia das Letras pretende lançar, até o fim deste ano, um livro inédito com artigos produzidos por Jorge para um jornal de Salvador sobre a Segunda Guerra.

Sucesso e política - Exímio contador de histórias e um dos maiores intérpretes da realidade brasileira, Amado criou personagens antológicos como o jovem líder Pedro Bala, de Capitães da Areia, e o boêmio Vadinho, do livro Dona Flor e seus Dois Maridos. Suas obras foram traduzidas e publicadas em mais de 50 países, e adaptadas com sucesso para cinema, teatro, rádio e televisão.

Além do brilhantismo intelectual, o escritor foi reconhecido pelo engajamento político. Durante o Estado Novo (1937-1945), sofreu censuras, perseguições e chegou a ser detido.

Por que Jorge é Amado – Nesta terça-feira, às 20h. No Sesc Pinheiros – Rua Paes Leme, 195. Tel.: 3095-9400. Grátis. Ingressos esgotados para o encontro de hoje; há apenas para os shows.

Nas prateleiras

Dona Flor e seus Dois Maridos (1966) – Um dos mais populares romances de Jorge Amado, o livro ganhou bem-sucedidas versões no cinema, no teatro e na televisão. Narra a história de uma mulher chamada Florípedes Paiva, que conheceu em seus casamentos as duas faces do amor: com o boêmio Vadinho, viveu uma paixão avassaladora. Já com o farmacêutico Teodoro, com quem se casou após a morte do primeiro marido, conquistou a segurança material. Um dia, para espanto da personagem, Vadinho retorna sob a forma de um fantasma, e passa a alternar o cotidiano de Flor.

Capitães da Areia (1937) – Desde o seu lançamento, o livro causou escândalos. Na época da ditadura do Estado Novo, inúmeros exemplares foram queimados. Após 70 anos, a obra, que aborda os problemas dos meninos pobres e infratores, continua atual.

Mar Morto (1936) – Amado tinha apenas 24 anos quando o livro foi lançado. Segundo ele, a obra ‘conta as histórias da beira do cais da Bahia’. De acordo com especialistas, nenhum outro texto sintetizou da mesma maneira o universo místico da zona portuária de Salvador.

A Morte e A Morte de Quincas Berro D’água (1959) – Em uma prosa inebriante, que tangencia o fantástico, Amado descreve as várias ‘mortes’ de Joaquim Soares da Cunha, popularmente conhecido como Quincas Berro D’água. Cidadão exemplar, o personagem resolve abandonar a família para juntar-se aos malandros da cidade. Tempos depois, é encontrado sem vida em um quarto imundo. Sua família tenta enterrá-lo de maneira decente, mas os amigos vadios lhe dão cachaça e o levam ao Pelourinho.

Tocaia Grande (1984) – Descreve o processo de formação de uma cidade nordestina, nascida sob o signo da violência e da disputa de terras, no começo do século 20. Apresenta personagens fortes, como a cafetina Jacinta Coroca e Castor Abduim, conhecido como Tição Aceso.

A Bola e o Goleiro (1984) – Nesta narrativa infantil, Amado coloca em primeiro plano o goleiro Bilô-Bilô, detentor de uma incompetência espantosa. O goleiro jogava em um time muito ruim e colecionava apelidos nada lisongeiros, como Mão Furada e Rei do Galinheiro.




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