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Petróleo: uma crise intensa, mais lenta que as precedentes
Da AFP
21/04/2006 | 18:12
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A escalada dos preços do petróleo, que muitos economistas qualificam de "terceira crise" no setor, depois das de 1973 e 1979, diferencia-se das precedentes porque afeta países consumidores mais bem preparados, durante um período muito mais longo e sem aumentar a inflação.

Segundo Antoine Brunet, do setor de estratégias do banco HSBC CCF, a escalada do barril em Nova York, acima dos US$ 70, se mantém, em termos reais, "muito inferior ao máximo histórico registrado em abril de 1980", que se estima em US$ 90 dólares (US$ 40 na época).

"Se for mantido o ritmo de progressão dos últimos trimestres, seria preciso dois anos para igualar o pico anterior. Portanto, o fato de o teto chegar aos US$ 70 não basta para provocar um retrocesso da demanda mundial", destaca Brunet.

No entanto, esta última crise é "menos repentina, mas muito mais potente", uma vez que é atribuída a uma saturação da capacidade de produção e não a uma suspensão artificial por motivos políticos, acrescenta.

Esta "situação inexorável" existe há quase três anos, enquanto que o primeiro choque durou apenas nove meses (Guerra do Yon Kippur) e o segundo, dez meses (revolução iraniana), segundo este especialista.

Os preços mais que triplicaram desde o início de 2002, enquanto que apenas multiplicaram por 2,1 entre 1979 e 1980 e por 2,6 em 1973.

No entanto, este ritmo "ascendente" está atenuado pelo fato de que os países consumidores reduziram sua dependência do cru através de políticas econômicas e diversificação das fontes energéticas.

Em 2003, a parte do petróleo no consumo total de energia dos 30 países mais ricos da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) caiu para 52,7%, contra 56,7% em 1973, segundo a Agência Internacional de Energia, uma instituição criada em 1974 para limitar a vulnerabilidade energética dos Estados.

O contexto econômico também evoluiu desde os anos '70: as duas primeiras crises aconteceram quando a economia mundial estava em pleno auge. Atualmente, a globalização e a intensificação da concorrência impedem as empresas repercutir plenamente a alta de seus custos em seus preços de venda.

Desta forma se contém a inflação, ao contrário do que aconteceu nas crises anteriores.

Para os economistas, a situação atual é, portanto, um mal menor, uma vez que uma subida da inflação levaria os bancos centrais a incrementar de forma significativa as taxas de juros, o que afetaria o crescimento. Por enquanto, os aumentos das taxas de juros se mantêm progressivos.




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