Economia Titulo Com saída do País
Sindicatos protestam em revenda Ford
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
22/01/2021 | 00:05
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Adonis Guerra/SMABC


Em solidariedade aos trabalhadores da montadora de todo o País, representantes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC participaram ontem de ato em frente a concessionária da Ford, em São Paulo.

Uma das principais queixas da categoria é que a Ford anunciou sua decisão de sair do País sem qualquer diálogo anterior com trabalhadores ou entidades sindicais. Com o fechamento de três fábricas, estão ameaçados, ao todo, cerca de 13 mil empregos em todo o País, 5.000 diretos.

A mobilização fez parte de ação nacional organizada pela CUT e demais centrais sindicais, que incluiu atos em frente a lojas da marca. O protesto em São Paulo chegou a ocupar uma via da Avenida Doutor Ricardo Jafet, no Ipiranga.

No Grande ABC, a Ford encerrou suas atividades em 2019, com o fechamento da fábrica no bairro do Taboão, que resultou na demissão de 2.800 trabalhadores diretos. Para o presidente do sindicato, Wagner Santana, a crise atual reforça a necessidade de discutir o grave processo de desindustrialização do País. “Estamos revivendo, na categoria, o que aconteceu em São Bernardo há dois anos. Foi um impacto enorme na cadeia e agora será ainda mais forte. Precisamos fazer um debate nacional. Vemos 17 empresas por dia saindo do Brasil, gerando milhares de desempregados. Não pode continuar assim.” 

Com a saída da Ford, estima-se que haverá impacto também sobre as 280 revendedoras de veículos de sua marca, sendo três no Grande ABC. Nesta semana, a montadora se reuniu com representantes de revendedoras, mas o resultado da conversa não foi revelado. Fontes do setor estimam o fechamento de unidades do Interior e próximas a grandes centros, já que os carros de entrada mais vendidos, o Ka e a EcoSport, não serão mais fabricados. Questionada, a Ford disse que não iria comentar.

SOBRE O ICMS

Ontem também houve atos dos concessionários do Estado de São Paulo contra o aumento do ICMS, que, no caso dos seminovos e usados, elevou a alíquota em 207%, de 1,8% a 5,5%. Para os novos, subiu de 12% para 13,3%.

Em resposta ao movimento, o governo encaminhou nota dizendo que veículos novos e usados “se beneficiaram, por quase três décadas, com renúncias fiscais de até 98%, em relação à alíquota de 18%, praticada no Estado”.

Diante disso, a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos) se manifestou dizendo que o governo chama de benefício fiscal a fixação, em lei, de alíquota de 12%, mas se esquece, “muito convenientemente, que a fixação, em 12%, foi acordo para implementar o ICMS ST (substituição tributária, em que pagamos o imposto antes de o carro sair da fábrica)”.

Até o dia 15, em venda de veículo usado de R$ 100 mil, por exemplo, o Estado concedia a redução da base de cálculo de 90%, de forma que a alíquota de 18% incidia sobre R$ 10 mil e gerava carga equivalente a 1,8% do valor total do bem, com arrecadação de R$ 1.800 na operação. Segundo a Fenabrave, desde então, ao classificar a redução de base de cálculo como benefício fiscal e alterá-la de 90% para 69,3%, no mesmo exemplo, a alíquota de 18% passou a incidir sobre R$ 30,7 mil, gerando carga equivalente a 5,52% do valor total do bem, arrecadando R$ 5.526.
 




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