Von Trier obteve o prêmio quatro anos depois de ter recebido o Grande Prêmio do festival por ``Breaking the waves' (1996) e oito anos após seu compatriota Bille August ganhar o troféu por ``As melhores intençoes'.
Cineasta que a crítica chegou a qualificar de ``neurótico e paranóico', Lars von Trier organizou na Dinamarca um grupo de cinéfilos ao redor de um texto fundamental, Dogma 95, manifesto cujo objetivo era abrir uma nova via à sétima arte e questionar o academia hollywoodiana.
Outros três cineastas dinamarqueses fazem parte deste primeiro círculo do cla: Thomas Vinterberg, prêmio especial do júri em Cannes em 1998 com ``Festa', Soren Kragh Jacobsen, Urso de Prata do último festival de Berlim com ``Mifune', e Kristian Levring.
``O Dogma 95 permitiu que se descobrisse uma cinematografia (a dinamarquesa) até agora ausente das grandes competiçoes internacionais', estima a diretora do Instituto Sueco do Filme, Aase Kleveland. ``Mas isto é somente a prolongaçao da renovaçao do cinema escandinavo nos últimos anos', acrescentou.
Em março passado, Hollywood deu dois Oscar (melhor coadjuvante masculino, melhor roteiro adaptado) a ``The Cider House Rules' do diretor sueco Lasse Hallstroem.
Kleveland considera que ``a multiplicaçao das filmagens na Europa do norte prova que o cinema escandinavo se desfaz lentamente da excessiva influência que teve sobre ele durante muito tempo Bergman', figura tutelar que, depois de sua retirada oficial anunciada em ``Fanny e Alexandre' em 1982, realizou em 1997 um último filme para a televisao sueca.
A atriz e diretora norueguesa Liv Ullmann rodou na Suécia ``Infiel', com roteiro de Bergman, filme apresentado também no festival de Cannes que terminou domingo.
Na Noruega, a cineasta Hilde Heier fez recentemente ``Suffloesen'. Na Finlândia ``Haejyt', de Aleksi Maekelae, atraiu ano passado 330 mil espectadores em um país de cinco milhoes de habitantes.
Graças à Palma de Ouro conquistada por ``Dancer in the dark', Zentropa Productions, que produziu o filme e que tem sua sede em Hvidovre, na periferia de Copenhague, pretende agora se instalar em Hollywood para realizar lá ``à européia' filmes com pequeno orçamento.
``Iremos plantar nossa bandeira no coraçao do monstro', declarou recentemente Peter Aalbaek Jensen, diretor da Zentropa.
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