Política Titulo Eleições
Oswaldo cai e Donisete
é o candidato a prefeito

Manobra coloca deputado como postulante do PT a prefeito
de Mauá; Paulo Eugenio Pereira Júnior continua como vice

Beto Silva
Mark Ribeiro
20/05/2012 | 07:21
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O deputado estadual Donisete Braga é o candidato do PT à Prefeitura de Mauá. Assim, a hegemonia do prefeito Oswaldo Dias na cidade, que completa 12 anos em dezembro, chega ao fim. A manobra foi arquitetada por integrantes de seu próprio partido, liderada pelo parlamentar, pelo vice-prefeito e secretário de Saúde, Paulo Eugenio Pereira Júnior (PT), e pelo vereador Rogério Santana (PT).

Insatisfeito com a postura de Oswaldo, que cogitava demovê-lo da chapa para a eleição de outubro, oferecendo a vice a partidos aliados, Paulo Eugenio se reuniu na noite de quinta-feira com o deputado e o presidente da Câmara, Rogério Santana. O trio, com força imbatível nas decisões do diretório, sentenciou que o candidato a prefeito do partido será Donisete, com Paulo Eugenio mantido na composição.

Oswaldo foi comunicado ontem da decisão. A preocupação agora é a de encontrar uma saída honrosa para o chefe do Executivo, que buscava a reeleição para o quarto mandato, marca jamais alcançada por um prefeito do Grande ABC. Caso Oswaldo não seja convencido a desistir da disputa, há duas possibilidades para a proposta ser referendada. Uma no encontro do partido, ainda sem data marcada, outra nas convenções, em junho.

No evento de delegados, 480 petistas definem a chapa. Os grupos ligados a Donisete Braga, Paulo Eugenio e Rogério Santana, juntos, possuem maioria confortável para homologar a dupla - são, no mínimo, 260 delegados, contra 110 de Oswaldo, que, mesmo que consiga o apoio de outras três alas menores, não terá força para reverter o quadro.

Embora Oswaldo tenha sido referendado candidato à reeleição no último encontro de delegados petistas, há um mês, sua condição minguou quando passou a declarar publicamente que, com chapa mista, o PT teria mais chances de ganhar a eleição.

Curiosamente, a abertura foi proposta por Donisete. No fim de 2011, ele próprio se promoveu para substituir Paulo Eugenio. Obviamente, a manobra não ganhou respaldo do vice. A partir de então, o parlamentar passou a tentar emplacar nome de fora do partido para compor com o prefeito, especialmente o do vereador Irmão Ozelito (PTB), o que aos poucos ganhou a simpatia do chefe do Executivo.

A mudança de postura de Oswaldo, que inicialmente alardeou a defesa por Paulo Eugenio, irritou o vice-prefeito que, em 2008, abdicou de disputar as prévias do PT justamente pelo acordo de compor a chapa há quatro anos e, em caso de vitória, também em 2012. Na ocasião, Paulo Eugenio abandonou o grupo liderado pelo ex-prefeiturável Márcio Chaves Pires, e foi o fiel da balança para o triunfo interno de Oswaldo. A avaliação, portanto, é a de que o prefeito, ao admitir chapa mista, não tem sido leal ao tratado de 2008.

Será a segunda vez consecutiva que um prefeito de Mauá será forçado a abrir mão da disputa da reeleição. Em 2008, desgastado e sem gestão convincente, Leonel Damo (então no PV, hoje PMDB) desistiu do pleito para apoiar Chiquinho do Zaíra (PTdoB).

Oswaldo Dias disse desconhecer qualquer movimentação para tirá-lo do páreo, que seu nome foi avalizado em encontro do PT como candidato à reeleição, mas admitiu que o partido tem filosofia democrática e que até as convenções, de 10 a 30 de junho, podem haver mudanças. "Estou colocado como candidato", afirmou.

Donisete Braga reconheceu que há movimento para alçá-lo à cabeça da chapa e confirmou encontro ontem com o chefe do Executivo. O grupo tem cerca de 30 votos dentre os 48 integrantes aptos a votar na convenção.

Paulo Eugenio e Rogério Santana não foram encontrados para comentar o assunto.

DISCURSO ANTIVANESSA

Com Donisete na cabeça da chapa, a intenção do trio é minar os ataques da principal adversária do PT na eleição, a deputada estadual Vanessa Damo (PMDB), crítica ferrenha dos governos Oswaldo Dias, único petista a comandar Mauá, mas cujo atual mandato está longe de ser unanimidade no partido.

Por outro lado, porém, a estratégia poderá ir contra o PT, já que a retirada de Oswaldo do cenário, por si só, é um reconhecimento de reprovação da legenda a seus próprios governos.

APOIO DA BANCADA

A chapa Donisete/Paulo Eugenio tem o aval integral da bancada do PT na Câmara de Mauá, formada por quatro vereadores. Rogério Santana e Rômulo Fernandes (líder do governo) estão alinhados com o deputado, enquanto que o ex-secretário de Finanças Paulo Suares é aliado de primeira hora do vice-prefeito. Líder do partido, Marcelo Oliveira emergiu do grupo do secretário de Obras, Hélcio Silva, que tem bom trânsito tanto com Oswaldo quanto com Paulo Eugenio.

O quarteto terá papel importante na preparação das bases petistas rumo ao encontro, que estava marcado para domingo, mas será adiado, a pedido de Rogério, em virtude da realização de concurso público na Câmara. Lideranças estaduais e nacionais do PT já foram comunicadas da reviravolta em Mauá.




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