Saúde&Cidadania Titulo Saúde e Cidadania
Gente é gente: aqui e/ou nos EUA
Antonio Carlos Lopes
14/12/2020 | 07:36
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Amanhã, terça-feira, 15 de dezembro de 2020, será data de enorme relevância a todos os brasileiros. Melhor, para não pecar em imprecisão... Exatamente a todos, não posso afirmar. Contudo, será de importância sem igual para 99,999999%!

Pela primeira vez na história, a medicina do País se compõe – em ampla frente, de Norte a Sul – para a defesa da qualidade do ar e da vida dos que aqui nasceram, dos que adotaram nossa terra e daqueles que simplesmente passam em férias, negócios etc. Pneumologistas, cardiologistas, clínicos médicos, ginecologistas, neurologistas, médicos de tráfego, emergencistas, nutrólogos, obstetras, pediatras, associações médicas...

Em coesão, em uma só voz, os médicos pleiteiam a manutenção do prazo de vigência (2023) da fase P8 do Proconve (Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores), estabelecida pela Resolução do Conama número 490 de 2018.

Isso significa o seguinte: ansiamos que as montadoras de veículos automotores cumpram – atenção! –, com nove anos de atraso em relação à Europa e 13 anos depois dos Estados Unidos, o Padrão Internacional Euro VI, conjunto de normas para minimizar os poluentes lançados no ar que respiramos pela frota veicular.

Eventual adiamento por mais três anos, para 2026, como tenta (ou atenta) a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), custará ao Brasil mais milhares de mortes relacionadas à poluição veicular, além de representar ao combalido Sistema Único de Saúde milhões em tratamentos evitáveis. Tudo isso justamente em momento no qual enfrentamos uma crise sanitária mundial, sobre a qual ninguém tem certeza de quando será controlada.

A Sociedade Brasileira de Clínica Médica, da qual sou presidente, integra esse movimento e é signatária de dossiê que apresentaremos amanhã, enviando-o posteriormente à Presidência da República, ao Ministério da Saúde e ao Ministério do Meio Ambiente.

Muitos artistas e esportistas também estão ao nosso lado, para defender responsabilidade do Estado na inadiável batalha contra a contaminação do ar.

Aliás, é mister ressaltar que a contaminação do ar é responsável por 35% das mortes por doenças respiratórias, 15% das mortes por doenças cerebrovasculares, 44% das mortes por doenças do coração, 6% das mortes por câncer de pulmão e 50% dos casos de pneumonia em crianças, segundo dados recentes da Organização Pan-Americana de Saúde.

Isso posto, vem a pergunta que não quer calar: se as montadoras seguem as regras-padrão na Europa e nos Estados Unidos, qual o motivo de elas tentarem prorrogar indefinidamente a adoção aqui?

A saúde do brasileiro vale tanto quanto a do europeu e a do norte-americano, creio que concordamos.

Então, quem pensa diferente, que venha a público e o diga com todas as letras.  




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