Um dos fios condutores da reeleição do prefeito José de Filippi Júnior (PT) e considerada menina dos olhos do governo de Diadema, o Quarteirão da Saúde, não ficará mais pronto este ano. Ao contrário do que diz a placa em frente ao prédio, que promete conclusão até dezembro, a inauguração não tem data para acontecer. Pode ser entre abril e outubro de 2007. Pior: é capaz de o idealizador da obra, o próprio prefeito, nem esteja mais à frente da administração quando o empreendimentofor entregue à população.
O prefeito, que está para se licenciar do Executivo para assumir a coordenação financeira da campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva - pode vir a ser ministro caso Lula seja reeleito -, explica que o motivo do adiamento do empreendimento foi a ampliação do projeto original de oito mil m² para 20 mil m² e o aumento no valor da obra, dos R$ 20 milhões inicialmente previstos para cerca de R$ 35 milhões. Espera-se que a União entre com R$ 25 milhões, e a Prefeitura, com R$ 10 milhões.
Diadema, segundo Filippi, ainda aguarda aprovação pelo Ministério da Saúde do pedido de cerca de R$ 10 milhões para a aquisição de maquinário para o megaempreendimento. "Não sei se vamos conseguir aprovar tudo, espero que sim. Se sair, vamos comprar os equipamentos no fim do ano", aposta Filippi. Segundo ele, a lei eleitoral não inviabilizará o envio dos recursos, pois o convênio já está em andamento. "A informação que eu tenho é que não haverá interrupção."
Embora Diadema esteja dependente da verba federal, o chefe do Executivo acredita que as obras do Quarteirão da Saúde terminem em fevereiro ou março. "Acho que entre abril e outubro inauguraremos a primeira parte, o prédio de 18,5 mil metros quadrados, que será o corpo central. Deve ter uns mil e poucos metros que deixaremos com a base e a fundação prontas, para ampliações futuras por outras gestões", prevê Filippi.
Coincidência - Curiosamente, outra cidade da região cujo governo é petista também reviu o cronograma de iniciativa igualmente faraônica na área da Saúde. Na Santo André de João Avamileno, as obras do Hospital da Mulher, previsto para ser entregue em setembro de 2005, foram interrompidas em maio em função da falta de dinheiro para a compra de equipamentos. Os dois centros de saúde têm ainda em comum o fato de terem sido propostos em 2004, ano de eleições municipais.
Para Filippi, o que houve foi um aperfeiçoamento do projeto original. "O Quarteirão cresceu três vezes, nossa equipe aperfeiçoou o projeto. O que era meio quarteirão agora está de rua a rua, é um quarteirão inteiro." O prefeito não tem problemas em usar a expressão "elefante" ao definir a obra, mas foge do sentido comumente conhecido de presente que, não sendo mau, dá muito trabalho e importunação. "Antes, estávamos com um elefantão, que agora vai ser um elefantão grandão e bonitão. Será o mais importante equipamento de saúde da região, e sobretudo de Diadema."
Uma vez pronto o Quarteirão da Saúde, a idéia do governo é que a obra priorize a atenção à saúde básica. "Será um equipamento de suporte, apoio e melhoria da atenção básica. Vai ser um grande suporte às UBSs (Unidades Básicas de Saúde)", prevê o prefeito.
Não é por acaso. A falta de médicos e dificuldade de atendimento nas 16 UBSs da cidade é hoje uma das principais pedras no sapato da administração petista. Como maneira de tentar sanar o problema, a Prefeitura teve recentemente aprovado pela Câmara projeto do Executivo que concede gratificação de até R$ 1,8 mil aos 560 médicos da rede pública.
O Sindicato dos Servidores foi contra o bônus, entre outros argumentos, por acreditar que havia margem no Orçamento para estender o benefício a todos os 6 mil funcionários públicos da cidade.Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.