Enquanto a economia argentina ainda respira com a ajuda de aparelhos, o cinema do país continua muito bem. O diretor Marcelo Piñeyro é um dos responsáveis por essa nova e boa safra, depois que seu Plata Quemada virou cult ao lado de títulos como Nove Rainhas e O Filho da Noiva. O mais novo trabalho de Piñeyro, Kamchatka (Argentina/Espanha, 2002), estréia nesta quinta-feira no circuito paulistano. Conta com Ricardo Darín, de Plata Quemada, e Cecilia Roth, uma das atrizes preferidas de Pedro Almodóvar. Mas os protagonistas são dois meninos, Lucas e Harry, pois é a partir da visão deles que se projeta a história.

Harry (Matias del Pozo) é um garoto argentino de 10 anos como qualquer outro. O ano é 1976 e seu país cai nas garras da ditadura militar. Como sua família é comum – pai advogado (Darín), mãe funcionária de universidade (Cecilia) –, o único crime pelo qual o casal poderia ser acusado é de se opor verbalmente ao regime. E, para infelicidade da família, é isso o que acontece.

Conscientes da situação, seus pais mudam-se para uma fazenda, levando Harry e o caçula (Milton de la Canal). Pouco a pouco, os dois se acostumam com as peculiaridades do local. Conhecem gente interessante, como o adolescente Lucas (Tomas Fonzi), a quem seus pais dão asilo temporário. Os irmãos, a princípio, desconfiam dele, mas depois o transformam em melhor aliado.

A perseguição aos pais de Harry continua e eles decidem deixar os filhos com os avós. De lembrança, fica apenas o jogo favorito do casal, o War. Mas os pais sabem que não estão apenas proporcionando um passatempo aos filhos. Entre as regras do jogo estará escondido um segredo que só Harry poderá desvendar.