O vocalista e líder da banda U2, Bono Vox, almoçou neste domingo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na Granja do Torto, em Brasília. Ao chegar, com uma hora de atraso, acompanhado do ministro da Cultura, Gilberto Gil, Bono parou na entrada da residência, onde era aguardado por cerca de uma centena de fãs, pediu silêncio e elogiou Lula.

“Estou muito ansioso para encontrar o presidente, porque ele luta não só contra pobreza no Brasil, mas também ao redor do mundo”, comentou. O vocalista disse estar realizando um sonho ao visitar a capital do Brasil. “Toda minha vida eu quis vir a Brasília. É um grande sonho estar aqui.”

Segundo o porta-voz da Presidência da República, André Singer, Lula mostrou a Bono um kit com vários tipos de sementes a partir das quais se pode fazer o biodiesel, e informou que para cada emprego gerado nessa indústria seriam gerados perto de 1.000 empregos indiretos no campo. Mais do que um programa de energia alternativa, o biodiesel tem sido encarado pelo governo como um projeto de geração de emprego nas regiões mais pobres do País, como o sertão do Nordeste, onde pode ser cultivada a mamona, uma das sementes usadas para o biodiesel.

“O presidente Lula disse ao Bono Vox que nosso sonho é poder fazer como o presidente Roosevelt fez no Vale do Mississippi, de produzir um grande desenvolvimento no Nordeste a partir do biodiesel”, afirmou o porta-voz. Nos anos 30, o presidente norte-americano Franklin Roosevelt fez um amplo programa de desenvolvimento na região do rio Mississippi. Em plena depressão econômica, foi feito um conjunto de obras que, além de gerar empregos na região, tornou o rio navegável e iniciou um ciclo de desenvolvimento econômico, a partir de projetos de irrigação.

Lula gosta de comparar o Nordeste ao estado do Tennessee que é margeado pelo rio Mississippi, e a forma como Roosevelt transformou uma região pobre em uma das mais prósperas de seu país. Segundo Singer, o programa de biodiesel já gerou 65 mil empregos no Brasil, cifra que deverá chegar a 100 mil até o final do ano.

Lula e Bono já haviam se encontrado no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. No meio da tarde, o vocalista do U2 voltou a São Paulo, onde faz show nesta segunda e terça, no estádio do Morumbi.

No almoço foram servidos peixe e carne assada e saladas variadas. De sobremesa, frutas tropicais e pudim de tapioca.

Fãs – Os brasilienses fizeram festa para Bono Vox na frente da residência oficial da Granja do Torto. Cerca de cem pessoas o aguardavam no local. Ele chegou, acompanhado pelo ministro da Cultura, Gilberto Gil, e houve um ligeiro tumulto, sem incidentes.

Bono desceu do carro e deu uma breve declaração. Depois, ele e Gil se cumprimentaram, em frente aos fotógrafos. A administradora Rita de Cássia Antunes estacionou o carro próximo à cancela que dá acesso ao Torto e pôs um CD da banda para tocar. “O que eu mais gosto no Bono é sua preocupação em melhorar o mundo”, elogiou.

Ela acha que a atuação do cantor em defesa de causas sociais leva vantagem sobre a dos políticos porque ele tem “independência para trabalhar”. Fã da banda desde 1987, Rita verá o show em São Paulo na terça-feira.

Os fãs levaram cartazes e faixas em inglês. Uma delas dizia: “Bono, estou com fome. Leve-me para almoçar”. Outra faixa, levada pela fã Vanessa Sampaio, lançava a candidatura do cantor para presidente das Nações Unidas. “Ele não só diz como age bastante e se ele tivesse essa oportunidade, ele faria bem mais”, disse a fã, de 22 anos, que acompanha a banda desde os 12.

O advogado Laudo Ferreira lamentou o fato de o U2 não ter programado uma apresentação em Brasília. “Certamente poderíamos ter um show aqui, porque o nível de renda é bastante elevado”, comentou. O que ele mais admira na banda é o fato de os integrantes estarem juntos há quase 30 anos, “tocando, compondo e fazendo bom rock and roll”.