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Guerra pelo controle do tráfico deixa 12 mortos no Rio
29/10/2003 | 23:30
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A guerra por pontos de venda de drogas resultou na morte de 12 pessoas no Morro do Dendê, na Ilha do Governador, zona Norte do Rio de Janeiro. No tiroteio, iniciado por um grupo dissidente da quadrilha que domina o Dendê, uma menina de 11 anos foi baleada de raspão. O confronto ocorreu na noite de terça-feira e, segundo a polícia, foi motivado pela prisão, no domingo, de Ronaldo Souza da Costa, 30 anos, líder do tráfico local. Policiais informaram que todos os 12 mortos pertenciam ao grupo de Costa.

Nesta quarta-feira à tarde, quando a PM entrou na favela, o comando do 17º Batalhão (Ilha do Governador) foi transferido para o topo do morro para garantir a segurança dos moradores. A polícia informou que 500 homens do 17º BPM, do Grupamento de Ação Tática (GAT) e do Grupamento Especial Tático Móvel (Getam) permanecerão na favela por tempo indeterminado.

O delegado José Pedro Costa da Silva, da delegacia da Ilha do Governador, apontou Edson Francisco Alves, o Bizulai, e os criminosos identificados apenas como Fernandinho e Marcelo Russo, como líderes da quadrilha que atacou a favela. "Houve uma dissidência no Dendê com a prisão do Ronaldo e isso originou a tomada de controle (das bocas-de-fumo) de pessoas do mesmo grupo. Todos os que morreram eram ligados ao tráfico." Ronaldo é irmão de Romildo Souza da Costa, o Miltinho do Dendê, 46, que, apesar de foragido, participava do controle do tráfico no morro. Outro chefe da quadrilha, Claudecy de Oliveira, o Noquinha, 25, teria sido ferido no tiroteio.

A emboscada começou por volta de 21h de terça-feira e se estendeu pela madrugada desta quarta. A menina Eliane Magalhães, 11, estava em casa e foi atingida de raspão na perna. Ela foi liberada do Hospital Paulino Werneck, na Ilha, durante a manhã. Eliane seria sobrinha de um dos criminosos mortos.

Os corpos foram achados em diferentes pontos. Sete estavam em uma Kombi abandonada na Estrada do Tubiacanga, distante dois quilômetros da favela. O local, por ser ermo, seria utilizado como ponto de desova dos traficantes. Três criminosos foram baleados no morro e morreram no hospital e outro foi achado dentro de um carro, na Freguesia, bairro da Ilha do Governador. O último corpo foi encontrado na Ilha do Fundão, próximo ao alojamento do campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Funcionários disseram que o rapaz, aparentando 20 anos, foi executado ali.

A guerra no morro provocou medo e insegurança entre comerciantes e moradores da Ilha do Governador. As lojas próximas ao Dendê fecharam as portas. A ordem teria partido dos criminosos. "Dois homens entraram aqui e mandaram fechar. Disseram que, se não fechássemos, não se responsabilizariam", disse o gerente de uma padaria.

Mortes – Em outros pontos da cidade, três traficantes morreram em confronto com a polícia. Na Favela de Vigário Geral, Zona Norte, dois traficantes foram baleados por policiais do 16º Batalhão da PM (Olaria), após terem atacado a tiros um carro da PM. Os criminosos, com quem a polícia apreendeu armas e drogas, chegaram a ser levados para o Hospital Getúlio Vargas. No Morro da Fé, na Penha, também na Zona Norte, outro traficante morreu, também em tiroteio com homens do 16º BPM.

No Morro do Juramento, o policial civil Rogério Oliveira da Anunciação, 44, foi baleado na coxa direita em troca de tiros com traficantes. Ele foi levado para o Hospital Geral de Bonsucesso e, em seguida, liberado. Também houve tiroteios nos morros da Formiga e Camarista Méier.

Na Penha, Zona Norte, policiais do Batalhão de Policiamento de Vias Especiais (BPVE) trocaram tiros com o motorista de um Renault Clio cinza, que estava armado com uma pistola. Ele conseguiu fugir a pé, mas Leandro de Jesus Guimarães, 25, que o acompanhava, foi detido.




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