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Poluiçao na praia do Leblon assusta técnicos do Meio Ambiente
Do Diário do Grande ABC
28/04/1999 | 19:22
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A absorçao das bactérias contidas nas 210 mil toneladas de esgoto lançadas ao mar no primeiro dia de conserto do emissário submarino de Ipanema, na zona sul do Rio, vai ser mais lenta do que o esperado. Segundo dados divulgados pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente, o nível de sal da água - um dos principais agentes que matam os microorganismos - está entre 30 e 32 mililitros por litro, quando o normal é 35 mililitros por litro. Este foi o índice mais baixo coletado pela secretaria em três anos.

O excesso de água doce no mar foi causado pelo lançamento do esgoto, segundo o diretor do departamento de Oceanografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, David Zee. "O sol forte e a temperatura elevada da água contribuem para matar as bactérias, mas temos vivido dias nublados e a água está fria, a 19ºC", afirmou Zee. "O mar, que normalmente age como estaçao natural de tratamento, está conservando o microorganismo vivo".

A quantidade de coliformes fecais no Leblon, em frente à Rua Bartolomeu Mitre, também assustou os técnicos da Secretaria de Meio Ambiente: acima de 16 mil coliformes por 100 mililitros. O nível aceitável é até 5 mil por 100 mililitros. Este índice foi ultrapassado em seis dos 17 pontos analisados pela secretaria. Em Copacabana, Leme, Urca, Botafogo e Flamengo foram encontrados níveis mais baixos de coliformes, mas as praias foram consideradas impróprias para banho. Havia grande quantidade de espuma amarela nesses locais, causada pela gordura do esgoto.

Mancha - Na terça-feira, uma mancha de esgoto de três quilômetros se espalhou pela praia do Leblon, causada pelo lançamento de 1,8 tonelada de detritos por segundo no Vidigal e 1,2 tonelada no costao do Pao de Açúcar. A sujeira deveria ter se espalhado para o alto mar, mas ventos fortes e a maré empurraram o esgoto despejado para a beira da praia.

A mancha negra foi dissipada nesta quarta, mas os mergulhadores da Petrobras, que estao consertando o emissário, tiveram dificuldade para trabalhar no fundo do mar. A visibilidade foi prejudicada porque a sujeira que estava na praia se depositou na areia.

Emissário - Os técnicos e operários passaram esta quarta fazendo dragagem e retirada da argila que encobre a base do pilar 505, que rompeu em janeiro. Foram necessários jatos d'água de alta pressao para soltar a argila, que é compactada. Por causa disso, o corte das juntas dos tubos, que deveria ter sido feita terça, foi adiada para quinta (29).

O cronograma das obras, no entanto, nao sofreu atraso, segundo o diretor da divisao de Esgotos da Cedae, Cézar Scherer. Se o ritmo de trabalho for mantido, a obra será concluída no domingo.

De acordo com o oceanógrafo David Zee, o trabalho dos técnicos pode ser dificultado mais ainda por uma frente fria, que está se formando no sul e deve chegar ao Rio no final de semana. "É possível que o vento Sudoeste aliado à maré, que vai deixar a beira da praia mais profunda, torne o mar mais agitado", afirmou. Nesta quarta as ondas na beira da praia alcançavam a altura de um metro, segundo Zee. "Nao sao as condiçoes ideais para o trabalho dos técnicos".




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