Balanço da empresa aponta prejuízo de R$ 1,4 bi no semestre e queda de receita de 99% no 2º trimestre
A situação financeira da CVC Corp coloca em risco o futuro da companhia. A avaliação é da KPMG, auditoria contratada pela empresa para analisar as contas. Para a KPMG, a continuidade da CVC, que tem sua sede administrativa em Santo André, é de “incerteza relevante”.
Nesta semana, a CVC divulgou balanço com dados do primeiro semestre do ano. O prejuízo do período, auge da pandemia de Covid-19, é de R$ 1,4 bilhão. A receita líquida (descontados os impostos) do segundo trimestre foi de R$ 2,95 milhões, queda de 99,4% na comparação com os meses de abril, maio e junho de 2019 – à época, a arrecadação atingiu R$ 464,9 milhões.
A KPMG reconhece que a crise sanitária, que atingiu fortemente o setor turístico, é um dos responsáveis pelo rombo nas contas da CVC. Entretanto, salienta que falhas administrativas também adicionam problemas à lista.
“O rating (nota fiscal) da companhia foi rebaixado para Br CCC- pela agência de rating Standard & Poor’s. A não divulgação das demonstrações financeiras relativas ao exercício findo em 31 de dezembro de 2019 nos prazos legais fez com que a administração da companhia apresentasse pedido de waiver (perdão ou adiamento do pagamento de punições) pelo não cumprimento desta obrigação financeira”, observa a auditoria – os constantes atrasos foram denunciados pelo Diário.
Outro item criticado pela KPMG são os planos desenvolvidos pela CVC para superar a crise. “Consistem substancialmente em relação de aumento de capital (à espera da retomada do setor) e negociação com debenturistas (credores) para repactuação dos vencimentos previstos para 2020. Essas ações, nem todas sob controle da companhia, indicam existência de incerteza relevante que pode levantar dúvida significativa quanto à capacidade de continuidade operacional da companhia.”
No balanço, a CVC demonstrou outros resultados financeiros que sinalizam para o problema nas contas. No segundo trimestre do ano passado, a empresa registrou lucro de R$ 30,5 milhões. No mesmo período deste ano, há prejuízo, de R$ 252,1 milhões – ambos os indicadores líquidos, descontados impostos e outros valores.
“Acreditamos na nossa posição de destaque na retomada do setor de turismo doméstico, sobretudo em função de demandas dos clientes em viajar dentro do Brasil nos próximos meses”, informou a CVC, a seus acionistas. “Acreditamos que a retomada do turismo no Brasil e na América Latina ganhará força nos próximos trimestres.” A empresa sustenta que a KPMG utilizou o pior cenário de crise para o comentário.
PF investiga propina de R$ 5 mi a três auditores federais e um fiscal
A PF (Polícia Federal e a Receita deflagraram ontem a Operação Triuno para investigar suposto pagamento de cerca de R$ 5 milhões em propina a três auditores federais e um estadual. Durante o cumprimento de um dos mandados de busca e apreensão, um investigado tentou jogar dois notebooks no lixo.
A ofensiva apura crimes de lavagem de dinheiro, sonegação tributária, associação criminosa, embaraço à investigação, corrupção, evasão de divisas e falsidade ideológica. A apuração é oriunda de delação premiada feita por Guilherme Paulus, fundador da CVC e que não faz mais parte do quadro da companhia.
Em comunicado ao mercado, a Qualicorp informou que a PF fez buscas em sua sede no âmbito da operação. O ex-executivo da companhia José Serpieri Júnior é citado na investigação. Agentes cumpriram 14 mandados de busca e apreensão: um na cidade do Rio de Janeiro, dez em São Paulo, dois em Barueri e um em Santo André.(do Estadão Conteúdo)
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