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Riacho Grande tem o maior índice de Aids em S.Bernardo
Renata Gonçalez
Do Diário do Grande ABC
01/12/2003 | 20:28
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A constatação de que o Riacho Grande é a região com o maior índice de casos de Aids em São Bernardo reforça a idéia de que a incidência do vírus seria maior em regiões periféricas, onde é mais difícil o acesso à informação sobre a prevenção da doença. A observação foi feita nesta segunda pelo médico Carlos Alberto Oliveira, da Coordenadoria do Programa DST/Aids de São Bernardo, durante o 1º Simpósio DST/Aids do Grande ABC. O evento foi realizado no Teatro Municipal de Mauá e discutiu as políticas públicas contra a doença adotadas na região.

Apesar de apresentar baixa densidade demográfica, o Riacho Grande – subdistrito de São Bernardo com diversas comunidades carentes – tem a maior proporção de soropositivos da cidade: são 76 casos em cada 100 mil habitantes, enquanto que no Rudge Ramos a incidência é de 21,5 em cada grupo de 100 mil pessoas. Como alternativa para minimizar o problema, Oliveira apresentou durante o simpósio o projeto Sereias do Riacho, idealizado em parceria com a ONG Barong ABC.

De acordo com a assessoria de imprensa da Prefeitura de São Bernardo, o projeto contará com verba anual de R$ 40 mil do Ministério da Saúde. O convênio deverá ser assinado nos próximos dias e o projeto deverá ter início em janeiro. Segundo Regiane Garcia Rodrigues, sexóloga da Barong ABC e coordenadora do Sereias do Riacho, o projeto contará inicialmente com mulheres voluntárias, que serão cadastradas para receber treinamento de Agentes Multiplicadoras de Prevenção às DST/Aids.

Mitos – “O objetivo é levar a informação principalmente até as mulheres do bairro”, disse Regiane. Para Edson Antonio Pedruzzi, diretor técnico Departamento de Saúde de Santo André, a DIR 2 (órgão estadual responsável pelo Grande ABC), as ações têm de derrubar mitos. “Temos que derrubar crenças como a que diz que quem tem parceiro fixo não corre risco”, disse. Moradora do Riacho Grande, a babá Deise (nome fictício), 25 anos, é um exemplo que ilustra as palavras do diretor da DIR 2.

“Peguei o vírus entre de um namorado que se injetava cocaína sem eu saber. Ao descobrir que tinha Aids, ele se suicidou. Um ano depois eu tive depressão profunda, pneumonia dupla e estava com 28 quilos”. Deise conta que foi encaminhada para o Grupo de Apoio Amor à Vida, entidade com sede no Riacho Grande que dá assistência a soropositivos. “Devo minha vida a eles. Melhorei e voltei a amar a vida. Foi lá que conheci meu marido, com quem tive duas filhas”. O marido da babá também é soropositivo, mas as filhas do casal não contraíram o vírus por conta do tratamento retroviral feito durante as gestações.




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