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Bancos pagam salários só com taxas
Carolina Rodriguez
Do Diário do Grande ABC
06/09/2003 | 19:00
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Os bancos BankBoston, Caixa Econômica Federal, Itaú e Unibanco conseguem pagar a folha de pagamento apenas com as tarifas cobradas dos clientes. De acordo com o levantamento O desempenho dos 15 maiores bancos em 2002, feito pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócioeconômicos), o Itaú arrecadou no ano passado 168,4% do valor gasto, ou seja, com o total recebido pela prestação de serviços, o banco pagou os salários de todos os funcionários e o banco ainda acumulou 68,4% do total como lucro. Na Caixa Econômica Federal, os ganhos foram de 108,11%; no Unibanco, de 109,21%; e no BankBoston, de 110,2%.

A pesquisa mostrou ainda que o total de receitas com prestação de serviço nos 15 maiores bancos chegou a R$ 19,7 bilhões, valor 16,14% superior ao arrecadado em 2001. Segundo o Dieese, o ganho em 2002 seria suficiente para pagar 89,34% das despesas de pessoal de todo o setor financeiro do país. Com base nestes números, a entidade considerou que a cobrança de serviços prestados se transformou em importante instrumento de definição do mercado e de relacionamento entre banco e cliente. O crescimento das receitas com os serviços, que chegou a 99,5% no Votorantim, 31,01% na Caixa e 25,63% no Unibanco, comprova a afirmação.

Os ganhos com as operações de crédito (concessão de empréstimo) cresceram 29,65% em 2002, totalizando R$ 63 bilhões. No Banco do Brasil, as receitas ultrapassaram R$ 13 bilhões e participaram das receitas totais com 21,5%. Em segundo lugar aparece o Bradesco, com montante de R$ 10,4 bilhões. Já o valor arrecadado com tesouraria (aplicações em títulos públicos) aumentou 78,04% em 2002, ultrapassando os R$ 69 bilhões. O destaque fica para os bancos do Brasil e Caixa, com receitas de R$ 13,8 milhões e R$ 10,6 milhões, respectivamente.

Ainda com relação às receitas de operação de crédito e tesouraria, o Dieese comparou os ganhos dos 15 bancos e percebeu que em sete deles – entre eles Bradesco, Itaú, ABN Amro Banco e HSBC – as receitas com crédito foram superiores às de tesouraria. Segundo o levantamento, mesmo os bancos não se interessando em conceder crédito para empresas e consumidores, por conta dos altos juros pagos nas aplicações em títulos públicos, as operações de empréstimo trazem retornos significativos às instituições.

Lucro – Os 15 maiores bancos lucraram em 2002 R$ 14 bilhões, valor 40% superior ao registrado em 2001. Dos 15 bancos analisados, nenhum apresentou prejuízo, sendo que o ganho líquido do Banco do Brasil, Banespa e Itaú representaram 48,13% do total, quase que a metade do valor arrecadado pelo setor no ano passado.

Os bancos que mais cresceram no período foram o Banespa, com aumento de 158,74%; o HSBC, com 129,53%; o ABN Amro Bank (126,75%) e o Votorantim (125,75%).

Outra forma de medir o desempenho dos bancos utilizada pelo Dieese no levantamento foi comparar a rentabilidade líquida média das instituições em 2002 e 2001. No ano passado, a variação foi 23,13%, contra 20,97% no período anterior. Os bancos Banespa, Votorantim, BankBoston e Caixa Econômica Federal apresentaram rentabilidade superior à média do setor, com índices de 65,5%, 25,01%, 38,1% e 23,4%, respectivamente. O total de ativo consolidado dos 15 maiores bancos atingiu R$ 832,9 bilhões e o patrimônio líquido, R$ 63,4 bilhões.




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