Setecidades Titulo
Polícia da regiao utiliza ciência para desvendar crime
José Carlos Pegorim
Da Redaçao
17/06/2000 | 16:50
Compartilhar notícia


Santo André se tornou no fim do ano passado a primeira entre as 38 cidades da regiao metropolitana, fora a capital, a contar com um serviço de antropologia forense - um núcleo de especialistas capazes de encontrar em ossadas e mordidas os rastros deixados por criminosos.

Instalado em uma sala de 14 m² anexa ao IML (Instituto Médico-Legal) de Santo André, e subordinado à Delegacia Seccional que abrange a cidade, Mauá, Ribeirao Pires e Rio Grande da Serra, só agora os próprios delegados começam a se dar conta das possibilidades do serviço, e a enviar para o setor o que, sem trabalho científico, torna-se incompreensível.

Subordinado à superintendência de polícia técnica-científica, o serviço tem à frente o cirurgiao-dentista José Carlos de Freitas Garcia Caldas, 42 anos, e o médico legista Luís Belmonte Neto, 38, que contam com o apoio de uma estagiária e dos técnicos do IML.

A idéia de implementar o serviço surgiu quando Caldas, que se formou e dá aulas na Universidade Metodista, de Sao Bernardo, começou a fazer mestrado em odontologia legal na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), há um ano e meio - mas no campus de Piracicaba, onde dá aulas Eduardo Daruge (que empresta seu nome ao setor andreense).

O principal trabalho é identificar as ossadas descobertas na rotina policial e fazer perícias especiais. E os resultados já começam a aparecer: duas ossadas já foram identificadas, sendo uma de um corpo encontrado carbonizado achado dentro do porta-malas de um carro incendiado, e o resultado de um terceiro laudo está prestes a ser entregue, disse Caldas. Todos os casos sao, até agora, de Mauá.

Caldas e Belmonte obtêm os dados a partir de centenas de mediçoes, lançadas a seguir no computador (um 486 com impressora matricial que eles compraram para dar início ao serviço) - na verdade, sao nove teses de doutorado que embasam o serviço.

É voz corrente, e quem conhece o meio sabe: só os casos de repercussao acabam sendo analisados cientificamente. Aos outros, resta a fila no setor congênere na capital e, por fim, o esquecimento. Agora, Caldas e Belmonte têm sete ossadas para analisar numa fila que, de qualquer forma, é incomparavelmente muito menor.

Oitenta por cento dos casos de identificaçao sao feitos a partir de arcadas dentárias. Exames a partir do DNA, mais caros, demorados e com menos centros de especialistas capazes de realizá-los, sao feitos apenas quando nao se encontra nenhum outro indício que possa identificar a ossada.

Mau para os estupradores, que comumente mordem e arranham suas vítimas, diz Caldas. Deixam, assim, o material que dentista e químico vao usar para determinar numa lista de suspeitos o autor único do crime.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;