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As redes sociais
Flavio Castellano
22/05/2011 | 07:38
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Para espanto e, às vezes, desespero dos pais, crianças e adolescentes parecem cada vez mais dependentes da internet, seja por causa dos jogos, ou, mais recentemente, dos sites de relacionamento (Facebook, Orkut, Twitter etc). Há muita dificuldade dos adultos em entender ou aceitar esse interesse quase obsessivo dos jovens, já que é razoável imaginar que um garoto ou garota que passe muitas horas por dia sentado na frente do computador, deixando de realizar atividades típicas da idade, estaria semeando maturidade física ou psíquica inadequada, retardando o amadurecimento ou limitando as habilidades sociais.

O que talvez poucos se deem conta é que essa atração pelo mundo virtual parece ser mais uma adaptação do ser humano às constantes mudanças do ambiente e da sociedade em que vive. Cada vez mais as crianças se veem obrigadas a ficar a maior parte do tempo em ambientes fechados, limitando ou suprimindo as possibilidades de aventuras típicas da infância, tais como passear de bicicleta ou caminhar com os amigos pelas ruas. Não é de se estranhar que em condições como essas os jovens procurem alternativas tanto para buscar as emoções que o inesperado proporciona - o que de certa forma é suprido pelos jogos eletrônicos - quanto para atender à necessidade atávica de interrelacionamento - o que aparentemente é proporcionado pelas redes sociais.

Essas alterações sociais atingem também os adultos, que nas cidades grandes encontram cada vez menos tempo e locais adequados para simplesmente conversar com amigos. Os espaços para convivência real estão escasseando nas cidades grandes, e nos poucos espaços destinados a encontros informais, tais como bares, restaurantes e casas noturnas, o maior apelo é para o consumo, e não para a interação pessoal.

O resultado dessa nova realidade social ainda é uma incógnita, mas certamente é uma situação irreversível. As telas do computador, dos tablets e dos celulares, mais que janelas virtuais para o mundo externo, parecem dar aos usuários a sensação de liberdade, segurança e controle que o mundo moderno lhes sonega. Some-se a isso o impulso pelo sedentarismo e percebe-se a força atrativa da internet e das redes sociais.

 

Flavio Castellano é advogado e diretor da Associação Comercial e Industrial de Santo André.




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