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Filme trata com humor relação do homem com Deus
Patrícia Vilani
Do Diário do Grande ABC
05/06/2003 | 20:00
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Um filme nacional levou mais de 2 milhões de brasileiros esse ano ao cinema falando sobre um Deus mal-humorado, rabugento e cansado de cuidar do planeta. Disposto a tirar férias, ele vai parar em Maceió (AL), onde encontra o personagem Taoca, que lhe ajuda a encontrar um santo capaz de substituí-lo. A dupla formada por Antonio Fagundes (Deus) e Wagner Moura (Taoca) em Deus É Brasileiro rendeu diálogos ágeis e humor refinado, além de uma despretensiosa análise da relação do homem com o Divino. Olhando por esse ângulo, Todo Poderoso (Bruce Almghty, EUA, 2003), que chega nesta sexta-feira às salas de cinema, muito se assemelha ao longa de Cacá Diegues. É, também, uma reflexão sobre a forma com que a humanidade culpa Deus por sua desgraça.

Todo Poderoso mostra um homem insatisfeito com as ações divinas – enquanto em Deus É Brasileiro o personagem vivido por Fagundes questiona o mundo criado por Ele mesmo. O sujeito chama-se Bruce Nolan, papel que coube a Jim Carrey, insuperável quando o assunto é humor físico. Bruce é um repórter televisivo do programa local Eyewitness News, na cidade de Buffalo, no Estado de Nova York. Ele sonha em ser âncora, mas só lhe passam pautas medíocres, como entrevistar a família que assou o maior biscoito da cidade.

Bruce não tem controle nem sobre seu cachorro, que cisma em urinar no sofá da sala. Basicamente, ele está descontente com quase tudo e raramente perde uma oportunidade para reclamar. E não enxerga o lado bom da vida, como a namorada atenciosa Grace (Jennifer Aniston, de Friends), cujo nome, em português, significa “graça”. Não por coincidência. É uma moça linda, que administra uma creche com a paciência da Madre Teresa e, ainda por cima, é apaixonada por Bruce, apesar de sua irritante negatividade.

O jornalista ranzinza leva uma última patada do destino quando recebe a notícia ao vivo, das Cataratas do Niágara, que o posto de âncora deixado por um veterano foi tomado por seu arqui-rival na emissora, Evan Baxter (Steve Carrell). Depois de surtar diante das câmeras, ele é demitido. Em seguida, é surrado por uma gangue, que também destrói seu carro. Furioso, amaldiçoa Deus por sua péssima sorte.

Entra em cena o Todo Poderoso do título, interpretado por Morgan Freeman. Um convite de emprego leva Bruce para um prédio chamado Omni Presents. Lá, Deus se apresenta e oferece poderes ao repórter para que ele mostre como cuidaria da humanidade se pudesse estar em Seu lugar. Bruce, egocêntrico como é, aproveita os poderes para cuidar de sua própria vida. Brinca com uma sopa de tomates como se ela fosse o Mar Vermelho, levanta a saia de uma garota na rua, faz os seios de sua namorada aumentarem e, claro, arma para que Evan Baxter se enrole todo em seu primeiro dia como âncora. Essa, aliás, é uma das cenas mais engraçadas do filme.

Como em toda produção hollywoodiana, há aquela lição de moral no final, com a manjada redenção do personagem, que passa a enxergar o mundo além de seu próprio nariz. Nada, no entanto, que ofusque o brilho do astro maior da comédia comercial, Jim Carrey. Ele sim, tem o poder de fazer rir.




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